"Parem de Nos Agredir"!
Uma
enfermeira foi agredida por duas mulheres na Unidade Básica de Saúde Manoel
Vitorino, no bairro de Brotas, em Salvador. A agressão ocorreu no sábado
(11/06), pela manhã, após verificação de irregularidades no cartão de vacinação
do filho de uma delas, sendo o caso direcionado para a gerência da unidade.
Em
entrevista dada ao Jornal Da Manhã, em que não quis se identificar, a
profissional de saúde relatou que uma das mulheres queria que seus dois filhos
fossem vacinados contra a Covi-19. No entanto, o cartão de uma das crianças
estava irregular, fato identificado por uma colega de trabalho. Nas palavras da
própria enfermeira agredida: "A outra enfermeira informou que o cartão de imunização da criança
estava incompleto. Em um cartão constava (vacinação com imunizante) Coronvac e
havia um outro grampeado que constava (imunização com vacina) da Pfizer. Mas a
Pfizer estava faltando a validade da vacina, o local e a assinatura da pessoa
que aplicou o imunizante. Procuramos no sistema, e não havia registro de
nenhuma dose”.
A
segunda mulher que estava como acompanhante se apresentou como médica e exigiu
que a criança fosse imediatamente imunizada com a vacina da Pfizer. A confusão começou
após a verificação do cartão de vacinação da criança no sistema, constando que
não havia registro anterior de aplicação de qualquer vacina. Neste momento, as duas
mulheres se alteraram e iniciaram as agressões contra a enfermeira dentro da sala
da gerente. Um vídeo que circula pela internet confirma as agressões sofridas
pela servidora que recebeu tapas, puxões de cabelo, além de ter sido ofendida
verbalmente por elas.
É
triste pensar que nem mesmo uma pandemia foi capaz de conscientizar as pessoas
com relação à maneira como devemos tratar o próximo: com o devido respeito, empatia
e civilidade. Principalmente quando se trata de cidadãos que estão no front de
combate ao Covid-19, todos os dias, arriscando suas próprias vidas em prol de
um bem maior: o de salvar tantas outras. Contudo, não podemos esquecer que por
debaixo de uma farda ou jaleco, há um ser humano com inseguranças, medo e
limitações (tanto físicas quanto emocionais) como qualquer outro.
Neste
árduo e nobre trabalho que eles vêm exercendo ao longo destes quase três anos de
pandemia, os profissionais de saúde merecem o mínimo de respeito e gratidão
pelo trabalho deles. Ainda mais quando há uma sobrecarga imensa de trabalho,
muitas das vezes, sem a infraestrutura e recursos necessários para tal. Com
ressalvas para o fato de terem que ir trabalhar com a possibilidade de contraírem
o vírus e contaminar seus familiares e entes queridos. Não há psicológico que
permaneça estável com todas estas variantes em cena, não só as do Covid-19, mas
questões relacionadas ao próprio local de trabalho, principalmente no setor
público.
Os
casos como desta enfermeira demonstram que nem todos se dão conta do valor e da
importância da atuação destes profissionais no contexto atual em que vivemos. A
servidora pública da Secretaria Municipal de Saúde, na Unidade Básica de Saúde
Manoel Vitorino, estava trabalhando de maneira correta, ética e com base nos
regramentos da Organização Mundial de Saúde (OMS). Entretanto, pessoas como
estas duas mulheres quiseram burlar o sistema para poderem ser beneficiadas. O
velho e conhecido jeitinho brasileiro, se bem que desta vez, não teve jeitinho
certo: a violência (e a falta de educação) foi o recurso utilizado. E não só
isso, elas fraudaram documentos para obter a vacina!
Infelizmente,
há um número considerável de profissionais da saúde que estão sendo diariamente
agredidos por civis e até mesmo sendo ameaçados de morte. Como alguém pode trabalhar
nestas condições? Alguns servidores chegam a faltar o trabalho por alguns dias
com medo de que a ameaça se concretize, já outros desenvolvem doenças psicossomáticas
como a síndrome do pânico em razão do forte trauma vivido. Em alguns locais, os
serviços de vacinação contra a Covid foram temporariamente suspensos até que a
situação fosse amenizada, especialmente em bairros mais periféricos.
As
maiores queixas são a falta de mais agentes atuando dentro dos postos de saúde (para
diminuir a sobrecarga) e segurança para que os mesmos possam exercer suas respectivas
funções sem medo de sofrer qualquer ofensa ou agressão. Afinal de contas, a
segurança pública é um direito de todo e qualquer situação.
Mas
a que ponto nós chegamos? É uma verdadeira lástima ter que testemunhar casos de
agressão contra aqueles que estão tentando salvar as nossas vidas e a daqueles
que tanto amamos. Não faz nenhum sentindo maltratá-los, ainda mais quando estão
fazendo o trabalho deles! Claro que estou me referindo aos profissionais que
atuam com ética e dentro da legalidade, embora, aos que agem sem nenhuma ética,
também não devem ser tratados com violência. Deixemos que o ordenamento
jurídico brasileiro aja e que eles arquem com as consequências de seus atos e
ações danosas.
Que
as autoridades locais se atentem para os pedidos desesperados de socorro destes
profissionais, garantindo-lhes um local de trabalho seguro e protegido pelas
ações da polícia municipal e/ou guarda de vigilância, que devem ser mantidas de
forma constante; além da instalação de câmeras de segurança nos postos de saúde
e outros estabelecimentos utilizados para atendimento de vacinação contra a
Covid. E por parte da sociedade civil, que as pessoas possam ser mais
empáticas, tolerantes e pacíficas no modo de tratar o outro, utilizando-se do
diálogo e da compreensão para solucionar conflitos.
Em
nota, a polícia já notificou o registro de uma ocorrência na Central de
Flagrantes e que o caso será enviado para o Juizado Especial Criminal.
Aos
diversos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e
fisioterapeutas), funcionários da administração e da limpeza que mantêm os
hospitais, postos de saúde e UPAS em boas condições de funcionamento, a minha
gratidão e admiração.
Foto:
Reprodução/https://gshow.globo.com/
Fontes:
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