Kim Kardashian - Uma versão vintage da Marilyn
Durante
o Met Gala 2022, que acontece na primeira segunda-feira de maio, a empresária
norte-americana, Kimberly Noel Kardashian, impactou ao aparecer usando o mesmo
vestido que a atriz Marilyn Monroe vestiu na celebração do 45º aniversário do
Presidente John F. Kennedy, em 1962. Mais uma vez, a socialite e influenciadora
digital chamou a atenção do público, da mídia e dos seus 308 milhões de
seguidores no Instagram, por meio dos seus looks performáticos, exóticos e
inusitados.
Para
os que ainda não tinham ouvido falar sobre o Met Gala, o tradicional baile foi
criado em 1948 para atender a demanda da alta sociedade americana com relação à
moda, entretenimento e glamour. É o maior evento do mundo da moda que acontece
anualmente nas escadarias do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, nos
Estados Unidos. A cada ano é estabelecida uma temática diferente, sendo o tema
deste ano - "Na América: Uma Antologia da Moda”. Portanto, é um evento que
exige “dress code” adequado e de acordo com o tema selecionado, oportunidade em que muitas grifes e estilistas renomados aproveitam os holofotes para expor
novas produções e tendências.
O
baile também possui natureza filantrópica, razão pela qual os convidados -
artistas, empresários, celebridades do cinema e da moda - tem a opção de pagar
por um assento individual - US$ 35 mil (cerca de R$ 178 mil) ou até mesmo uma
mesa - US$ 200 mil a US$ 300 mil (entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão). O valor
arrecadado pode chegar a US$ 16 milhões (R$ 81 milhões), conforme
estimativas e destina-se a financiar o departamento de moda do Metropolitan
Museum (The Costume Institute). Deste modo, não há dúvidas de que o Met Gala,
mesmo tendo sido adaptado às redes sociais, continua sendo um acontecimento
social exclusivamente direcionado para a nata da sociedade daquele país.
Pelo
fato do tema deste ano ter sido inspirado na "Gilded Glamour", que
faz referência ao "Gilded Age", ou seja, a famosa "era de
ouro" nos Estados Unidos, a socialite Kim Kardashian decidiu homenagear a Marilyn,
sendo a segunda pessoa (e provavelmente, a última) a usar o icônico e glamoroso
vestido que estava exposto no acervo do antiquário chamado Ripley's Believe it
or Not Museum, que possui uma vasta coletânea de objetos antigos e históricos.
A grande questão é que Kim se submeteu a uma restrita dieta para perder sete quilos em três semanas a fim de caber na vestimenta e mesmo assim, não conseguiu alcançar totalmente seu objetivo: o vestido não fechou. Razão pela qual não tirou o casaco durante o evento para que a peça encobrisse a parte traseira do vestido. O que mais me impressiona e entristece é o fato de uma mulher ter que se submeter, por livre e espontânea vontade, a uma dieta louca somente para poder alcançar um padrão de beleza imposto pela sociedade. Estou cansada da cultura doentia que incentiva e encoraja mulheres a agredirem seus respectivos corpos, muitas das vezes não se alimentando ou se submetendo a inúmeros procedimentos cirúrgicos e estéticos, para caberem num molde de beleza inalcançável. Diga-se de passagem, com um custo bem alto: a própria vida.
No
caso da socialite Kim Kardashian, para caber num vestido que nem foi moldado
para ela, mas que tinha que usar para provar ao mundo que é tão bonita, sensual
e esguia quanto Marilyn Monroe – um dos maiores ícones de beleza dos Estados
Unidos da década de 50 e 60. E para além da reprodução social de um
comportamento que busca apenas enaltecer a aparência, sem os devidos cuidados
com a saúde mental e física, devemos questionar a conduta dos que aplaudem e
elogiam pessoas que se submetem a estes artifícios para serem admiradas e
amadas.
Afinal
de contas, estes indivíduos também ajudam a reforçar a mentalidade superficial,
distorcida e conservadora da sociedade que dita o que é belo. Mas a Kim que me
desculpe, pois não há como comparar uma mulher que mantém a sua beleza por meio
de infindáveis procedimentos estéticos com uma mulher que naturalmente é bela,
sem perder a essência. Até porque a maneira como a pessoa se relaciona com o
mundo, consigo mesma e com as outras pessoas, é o que a tornará muito mais
interessante, charmosa e até bonita aos olhos alheios. O tal do borogodó que
ninguém sabe ao certo o que é, porém, atiça, fascina e prende a atenção das
pessoas.
E
o pior de tudo, não é só o fato da Kim Kardashian fazer estas loucuras em nome
da beleza, mas também as pessoas que a endeusam e enaltecem este tipo de
beleza totalmente artificial. Pois belo mesmo é se amar do jeito que é, priorizando a essência, o
caráter, a beleza natural e o reflexo de um corpo que expressa aceitação,
bem-estar e amor próprio. Não há dinheiro que pague isso.
Foto:
Reprodução/https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
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