Saraiva e Livraria Cultura: vão sumir do mapa?
Quando
minha irmã me ligou chorosa sobre o fato de que a livraria Saraiva estava
fechando as portas de todas as lojas em Salvador na segunda-feira (21/09),
fiquei bastante comovida com relação ao sentimento de perda que ela estava
sentindo naquele exato momento. Afinal de contas, trata-se de um lugar
emblemático e significativo em que os amantes dos livros físicos se refugiavam no
mundo imaginário dos livros para se entreter e fantasiar com as envolventes
histórias de ficção, contos e romances.
Vale
ressaltar que a expressão “amantes dos livros” se refere a aquelas pessoas que têm
preferência por livros físicos, justamente para folhear página por página, sentindo
a textura do papel em suas mãos e o cheiro das folhas de livro novo recém
comprado na loja. Além da relação de afinidade com a leitura, para elas, o amor
aos livros também é uma questão de tato.
Mas
qual será o futuro dos livros no Brasil, se uma das maiores livrarias brasileiras
está fechando as portas em vários estados no país? É de conhecimento público
que a Saraiva estava em recuperação judicial desde 2018 e que já tinha fechado outras
lojas em diversos estados, tais como Minas Gerais, São Paulo, Goiás, dentre
outros. Assim como a Saraiva, outra grande livraria de renome, como a Livraria Cultura,
também está enfrentando uma forte crise econômica com sérios riscos de falência.
Um
dos fatores responsável pela situação atual de ambas as livrarias é o impacto
gerado pelas novas tecnologias e plataformas digitais no mercado editorial de
livros, uma vez que uma parcela significativa da população tem optado por comprar
livros online. Esta questão tornou-se de fato um problema quando as pessoas
deixaram de frequentar os espaços físicos das livrarias para receber os livros
na comodidade de suas casas.
Vale
frisar que as próprias empresas davam mais desconto nas compras online do que
nas lojas físicas, o que incentivou ainda mais a migração do público para o
site das livrarias. Contudo, a concorrência com outras empresas como a Amazon,
detentora de patrimônio faturado em bilhões, fez com que perdessem e/ou reduzissem
consideravelmente a quantidade de clientes.
Com
relação as baixas vendas durante os meses de isolamento com total restrição do
comércio e fechamento dos shoppings, é importante esclarecer que a pandemia só
fez agravar uma crise financeira que já existia há no mínimo três ou quatro anos
- as dívidas são elevadíssimas - da Livraria Cultura são estimadas em pelo
menos R$ 285 milhões enquanto que as da Saraiva em torno de R$ 675 milhões. Portanto,
não se pode responsabilizar o contexto atual em que vivemos pelo fracasso de
ambas, uma vez que também fica implícita a má gestão dos donos ao tomarem
decisões erradas a respeito do andamento do próprio negócio.
A
falta de maiores incentivos para a leitura é outro fator que repercute bastante
para o fechamento de livrarias no Brasil, porém é um problema antigo ainda sem
solução. Uma lástima pensar que bens tão preciosos como livros e educação sejam
tão relativizados desta maneira, pois o conhecimento é enriquecedor, perene e liberta
a mente das amarras sociais que nos diminuem e nos amedrontam.
A
sociedade está em constante mudança o tempo todo e novos costumes e hábitos vão
sendo adquiridos ao longo da história. Atualmente, os dispositivos digitais
como kindles, tablets e smartphones tornaram-se meios pelos quais as pessoas
leem livros e/ou qualquer tipo de informação. Os valores são mais acessíveis por
não haver o custo adicional da impressão dos livros, revistas e jornais, muitas
das vezes, pagando apenas um preço fixo de inscrição online. Também não há custos
com deslocamento e transporte para quem tinha que se descolar para a livraria
só para comprar.
Entretanto,
será que os livros físicos serão realmente extintos daqui a dez, vinte ou
trinta anos? Brincadeiras à parte, apesar das incertezas sobre como se dará a comercialização
destes no futuro, não me refiro ao fato de deixarem de existir por completo,
mas sim, de não serem produzidos em larga escala como costumavam ser.
Para
a tristeza de muitos, em especial, aos eternos amantes dos livros físicos, a
era das grandiosas livrarias chegou ao fim. Porém, que os livros jamais deixem
de ter significado, agregar valores, conhecimento sobre o mundo e poder de
transformação que tanto proporcionaram na história da humanidade.
Fonte:
https://tecnoblog.net/269086/crise-livraria-cultura-saraiva/
Foto:
Reprodução/Aela.io
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