Arroz vira artigo de luxo

 





Para a maioria dos brasileiros, cuja alimentação básica se resume a um bom prato de feijão, arroz, farinha e bife – o famoso prato feito (PF) – o atual preço do arroz pode ser um soco no estômago, que já se encontra vazio de fome.

Recentemente, quem fez alguma compra nos supermercados se assustou com o elevado aumento de preço do cereal, vendido em algumas regiões do Brasil por até R$ 40,00 –  o pacote de 5 kg no varejo! Apesar do susto inicial, devemos nos perguntar quais os acontecimentos e fatores mercadológicos são responsáveis por elevar o preço do arroz desta maneira.

Não há como deixar de mencionar o excessivo consumo de comida no início da pandemia, entre os meses de março e abril deste ano, momento em que muitas pessoas fizeram grandiosas compras para estocar comida em casa. Na época, as incertezas sobre o vírus, o prazo de confinamento e as severas restrições para sair às ruas fizeram com que muita gente comprasse alimentos em grandes quantidades de uma só vez.

Este fato fez com que o produto se esgotasse mais rapidamente nas prateleiras dos mercados, armazéns e mercearias brasileiras, embora o estoque de arroz já estivesse baixo em comparação com os anos anteriores.

A falta de maiores estímulos para a produção de arroz no campo, também é outro fator responsável pela mudança de patamar do preço, uma vez que a monocultura do arroz só trazia prejuízos ou pouco lucro aos agricultores, fazendo com que estes diversificassem a produção com o plantio de milho e soja que possuem uma maior liquidez no mercado. De acordo com a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), região que concentra 70% da produção nacional, já era previsto este aumento em função da diminuição da área plantada para arroz.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o estoque público de arroz alcançou o menor patamar desde de setembro de 2010, momento em que chegou a produzir mais de 1 milhão de toneladas do grão. Hoje, são contabilizadas apenas 606,6 toneladas – quantidade para menos de um mês.

A ascensão do dólar de maneira exorbitante também contribuiu para que os produtores exportassem o cereal, ao invés de prestigiar a comercialização deste alimento em âmbito regional/nacional. Acontecimento que ocorre há muito tempo devido ao fato de não haver uma legislação que imponha um limite de exportação de produtos agrícolas e insumos no Brasil. Entretanto, diversos países, a exemplo da China, Índia e Vietnã limitaram ou baniram as exportações como meio de proteção e fortalecimento da economia do país, assegurando primeiramente a demanda da população local.

O Governo Federal se pronunciou no sentido de zerar a alíquota do imposto de importação até o dia 31 de dezembro de 2020 para incentivar a entrada do produto importado, vindo especialmente de empresas dos Estados Unidos, da Tailândia e das Índias, para amenizar os impactos da escassez e impedir o total desabastecimento interno.

A aplicação de políticas públicas mais eficientes e a adoção de programas governamentais, que além de ajudar a aumentar a capacidade produtiva de alguns agricultores, utilizando-se de tecnologias mais desenvolvidas, pudessem inserir e estabilizar as médias e pequenas empresas agrícolas no mercado nacional seriam soluções fundamentais para lidar com a escassez de determinados produtos e o aumento de seus respectivos preços.

De acordo com a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o preço do arroz irá se estabilizar somente a partir de fevereiro do ano que vem, com o advento da nova safra prevista para janeiro no sul do país. Vale salientar que cabe ao Governo, com urgência, tomar as medidas necessárias para reverter a baixa do estoque regulador do arroz.

Infelizmente, a classe baixa ainda irá sofrer por mais tempo com o aumento de preço, ainda mais no contexto atual em que se vive: desemprego, pandemia, retração da economia e desvalorização do real. Vamos torcer para que o Governo tome medidas favoráveis à diminuição do preço dos alimentos básicos, principalmente por corresponderem a quase 90% da alimentação da população brasileira, pois o feijão com arroz é o rei da mesa dos brasileiros, além de ser o mais nutritivo e o mais tradicional também.

 

Fontes: https://www.band.uol.com.br/noticias/16310191/preco-do-arroz-so-deve-estabilizar-a-partir-de-fevereiro-de-2021-diz-ministra-da-agricultura

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2020/09/4875221-preco-do-arroz-voltara-a-se-equilibrar-em-janeiro-diz-tereza-cristina.html

https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Arroz/noticia/2020/09/5-motivos-que-fizeram-o-preco-do-arroz-disparar-no-brasil.html

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2020/09/13/tarifa-zero-para-a-importacao-do-arroz-deve-conter-disparada-de-preco.ghtml

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL640257-5602,00-PAISES+RESTRINGEM+A+EXPORTACAO+DE+ALIMENTOS+E+FAZEM+SEU+CUSTO+SUBIR.html

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/08/preco-do-arrozdispara.htm#:~:text=Essencial%20na%20mesa%20da%20fam%C3%ADlia,chega%20a%20custar%20R%24%2040 


Foto: Reprodução


Comentários

Postagens mais visitadas