A linha tênue entre ficção e realidade

 



Quando o filme “Contágio”, dirigido por Steven Soderbergh, foi lançado em 2011, ninguém jamais imaginou que realidade e ficção pudessem estar tão atreladas. As coincidências com relação as características e sintomas do vírus relatado no drama com a atual pandemia do coronavírus são absurdas e chegam a ser assustadoras. Uma delas é o fato do vírus ter surgido na China.

Como se não bastasse o caos propagado em diversos países do mundo inteiro, por conta da pandemia, inúmeros acontecimentos paralelos estão tornando o ano de 2020 - um verdadeiro ano apocalíptico - e tenho certeza de que nenhum cineasta teria imaginado roteiro mais macabro do que este que estamos enfrentando na vida real.

Ninguém nos preparou para este script, afinal de contas, na vida real não há ensaios, cortes de cenas ou efeitos especiais. Tudo acontece em tempo real, sem atores ou dublês contratados, pois somos protagonistas da nossa própria história. Por azar do destino, estamos vivendo um verdadeiro filme de terror!

Já enfrentamos peste de gafanhotos vindos da Argentina, vespas gigantes da China, explosões na região portuária de Beirute, ciclone bomba no sul do Brasil, incêndios alarmantes no Pantanal Mato-Grossense, terremoto em várias cidades da Bahia, quilo do arroz valendo uma fortuna em terras brasileiras, cidadãos negros sendo brutalmente mortos por policiais nos Estados Unidos e no Brasil, morte do ator Chadwick Boseman, lançamento da cédula de R$ 200,00 (duzentos reais), morte da juíza da Suprema Corte Americana Ruth Bader Ginsburg, vacinas russa e chinesa sendo produzidas e o ano de 2020 nem acabou ainda.

Sinceramente, parece que estamos em “Jumanji”, filme estrelado pelo Saudoso Robin Williams, em 1995, em que animais e outros elementos da natureza aparecem a partir do momento em que duas crianças iniciam um jogo de tabuleiro mágico. Além de leão, macacos, mosquitos gigantes, ervas venenosas, caçador de humanos, dentre tantos outros bichos, este filme de aventura e fantasia mais parecia uma exposição de zoológico pavorosa.  E cá estamos, fora do jogo, mas imersos no contexto de fatos surreais que fica difícil acreditar que são verdadeiros.

Dos mesmos produtores do filme “Tomates assassinos” (1978), agora temos amebas comedoras de cérebro no Texas, Estados Unidos. As autoridades locais estão investigando o abastecimento de água de oito cidades texanas, após um garoto de seis anos ter sido internando por conta da contaminação da ameba, vindo a falecer na semana passada.

A Comissão de Qualidade Ambiental do Texas (TCEQ, em inglês), pediu que a população local não ingerisse água dos abastecimentos em inspeção até que esteja novamente apta para o consumo. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), “a ameba comedora de cérebro é comumente encontrada no solo, lagos quentes, rios e fontes termais. Também pode habitar piscinas malconservadas ou sem cloro ou descargas de água quente de parques industriais”.

Apesar dos casos de contaminação deste tipo de ameba serem raros, a chance de alguém sobrevier é praticamente zero. Por este motivo, a CDC, sob as orientações do Gabinete do Governo, está trabalhando com a Autoridade de Água de Brazosport para solucionar esta questão de saúde pública o mais rápido possível. Parece até um filme de ficção, mas não é!

Além deste trágico acidente, 330 elefantes morreram por ingestão de cianobactérias em Botsuana, nos meses de maio e junho deste ano, o lar de um terço da população de elefantes na África. Após meses de testes em laboratórios na África do Sul, Canadá, Zimbábue e Estados Unidos, o mistério das mortes foi desvendado, descartando a caça ilegal como umas das causas, uma vez que as presas dos elefantes estavam intactas.

Estas cianobactérias, altamente tóxicas, são naturalmente encontradas em água parada e, às vezes, crescem em grandes flores conhecidas como algas verde-azuladas. Infelizmente, um número considerável de elefantes - espécie de animal que sofre há anos com a caça ilegal em vários países africanos - foi contaminado, vindo a óbito.

Definitivamente, os acontecimentos destes últimos meses indicam que o ano de 2020 está sendo dirigido, do além, por José Mojica Marins (Zé do Caixão), Alfred Hitchcock e George A. Romero – cineastas bastante conhecidos por produzir extraordinários filmes de terror, com todo suspense e gritos garantidos.

Só não podemos render sucesso de bilheteria para que o ano que vem não seja uma reprise do que aconteceu neste ano horripilante.

 

Fontes: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54239993

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/09/27/ameba-comedora-de-cerebro-e-encontrada-em-agua-que-abastece-cidades-do-texas

https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/2020/05/04/com-ate-5-cm-vespas-asiaticas-assassinas-sao-vistas-pela-1-vez-nos-eua

 

Foto: Reprodução/Google

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