O domínio dos influenciadores digitais
No
mundo virtual, em que a maioria das pessoas vive conectada nas redes sociais, é
sobrenatural a influência que muitos exercem sobre centenas de milhares ou até
mesmo milhões de pessoas e o quanto que estas são diariamente influenciadas por
comportamentos e concepções de vida ditadas por blogueiras, “influencers” e
celebridades da música, do cinema, do esporte, dentre outros.
À
priori, não há nenhum problema em seguir “feeds” de pessoas que estão dispostas
a compartilhar experiências e momentos de suas vidas, principalmente quando
estas vivências agregam valor e inspiram outros indivíduos de maneira positiva.
Porém, o contexto muda completamente quando estes influenciadores digitais exageram
na quantidade de informações, sem se preocupar com o tipo de conteúdo que estão
postando na internet, muitas das vezes, sem qualquer critério de avaliação ou
senso crítico.
O
problema surge quando inúmeros usuários não fazem filtro do conteúdo que estão
consumindo, aderindo a estilos e padrões de vida que não condizem com a sua
realidade. E a partir disso, se comparam a todo momento com a vida dos outros,
almejando alcançar o sucesso e a felicidade que as pessoas esbanjam nas redes
sociais e se frustram por não ter as mesmas conquistas e bens materiais.
Infelizmente,
muitas pessoas estão ficando depressivas por conta desta constante comparação
com a vida alheia, sentindo-se verdadeiros fracassos por não terem o carro do ano,
o corpo dos sonhos e o amor verdadeiro. Afinal de contas, a grama do vizinho
sempre foi mais verde e vistosa. Contudo, não se dão conta o quão a realidade exposta
nas redes sociais é facilmente manipulada e controlável.
Vale
ressaltar que há muitos influencers conscientes dos impactos que ocasionam na
vida de seus seguidores e, portanto, divulgam conteúdos que de fato tragam
algum tipo de aprendizado e conhecimento relevante, prezando pela qualidade das
informações ao invés da quantidade. Independentemente dos assuntos e temas
pelos quais são expostos, é importante frisar o quanto cada indivíduo deve
exercer o senso crítico sobre aquilo que lê.
Por
outro lado, se a pessoa não consegue lidar com a felicidade alheia (sendo ela
real ou não), e/ou não tem a capacidade de questionar sobre a veracidade dos
fatos expostos diariamente no Instagram, Facebook, Tik Tok e Snapchat – é melhor
se afastar das redes sociais por completo; procurar ajuda psicológica para
aprender a lidar com suas próprias inseguranças e limitações ou viverá sofrendo
por se comparar demasiadamente com outros.
Apesar
de não trazer dados estatísticos, é imensurável a quantidade de jovens
depressivos por conta do excessivo contato com diversas plataformas digitais e
da forte influência sofrida por meio da atuação de vários formadores de opinião
pública no meio virtual, dos menos prestigiados aos mais importantes e famosos.
Este novo estilo de vida, em que as pessoas se
expõem nas telinhas de celulares e computadores, já se instalou na sociedade
moderna, cujo sucesso profissional e pessoal é medido pela quantidade de postagens,
“likes” e seguidores. A própria sistemática destes aplicativos contribuem para
que se suceda desta forma, criando um círculo vicioso entre aqueles que buscam status,
atenção e admiração dos seguidores e os que se submetem a todo tipo de padrão
estabelecido como certo, belo e de sucesso.
Se
por acaso a blogueira do momento aparecer com preenchimento labial, usando aquele
batom de grife para aumentar ainda mais os lábios, no dia seguinte aparecerá milhares
de pessoas iguais a ela. Uma pena pensar que muita gente está se transformando em
algo que não é; mudando a aparência e até mesmo sua essência só para se
encaixar na vida de outrem. Como consequência deste desejo de copiar a vida alheia,
num verdadeiro Ctrl c + Ctrl v, a autenticidade, genuinidade e espontaneidade
estão sendo perdidas, pelo menos nas redes sociais. Mas quais são os efeitos e
repercussões desta mudança na vida real?
Já
se foi o tempo em que menos é mais, em que a simplicidade era vista como algo
extraordinário, em que a beleza natural era de fato valorizada. Hoje, há tantos
filtros e “photoshops” disponíveis gratuitamente nos aplicativos de celular para
alterar a aparência, a tal ponto de muitas pessoas ficarem irreconhecíveis nas fotos.
Reafirmo
que também há influências muito positivas nas redes sociais e que merecem a
devida atenção, pois são fundamentais para a formação de conhecimento e conteúdo
de qualidade. Entretanto, tudo depende da maneira como as pessoas fazem uso
deste material coletado, pois uma enorme quantidade de internautas não sabe
aproveitar ou dar valor aquilo que está à disposição na internet, muitas das
vezes, optando por referências sem muita credibilidade por não saber distinguir
uma boa fonte de informação da ruim.
Recentemente,
a divulgação do vídeo de Anitta reclamando sobre o significado da palavra “patroa”
no dicionário virtual deu o que falar. Ao pesquisar a palavra na plataforma de
pesquisa Google, a cantora se indignou com a definição encontrada que afirmava
ser: “mulher do patrão; dona de casa”. Após a sua reclamação no Instagram, o próprio Google
alterou a definição para: “proprietária ou chefe de um estabelecimento privado
comercial, industrial, agrícola ou de serviços, em relação aos seus
subordinados; empregadora”.
Nem
uma grande empresa como a Google ficou de fora da forte influência que a
cantora exerce nas redes sociais, mudando o significado conservador, arcaico e
machista que existia da palavra patroa no acervo da plataforma digital. Deste modo,
aguce os seus sentidos para perceber quem te influencia e como exerce esta influência
sobre você por meio das redes sociais.
Foto: Reprodução/Google
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