Pantanal em chamas
Desde
o mês de janeiro até agosto deste ano, em torno de 25,4 mil focos de incêndios
ocorreram nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, totalizando 12% de
perda da fauna e flora do Pantanal Mato-grossense. As queimadas se
intensificaram ainda mais com a estiagem no período de julho, contribuindo para
a trágica e lastimável condição atual do Pantanal que continua sem perspectivas
de melhoras por não haver previsão de chuvas abundantes na região tão cedo.
Embora
as autoridades locais já tenham sido acionadas, com a atuação de cinco equipes
de bombeiros e brigadistas combatendo as queimadas e seis aeronaves para
acompanhar o fluxo e o aumento dos focos de incêndios, a triste constatação dos
fatos evidencia uma área destruída equivalente a 2,3 milhões de hectares – 10 x
o tamanho das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo juntas!
Diversas
espécies de animais foram bastante comprometidas, tais como tamanduás, capivaras,
cobras, dentre outras, por não terem sobrevivido ao calor das chamas.
Inclusive, alguns animais ameaçados de extinção, a exemplo da onça-pintada e
arara azul, também foram afetadas pelos incêndios – sendo a região do Pantanal
conhecida por concentrar o maior número de onças-pintadas no Brasil.
Muitos
bichos estão recebendo ajuda de veterinários para tratar ferimentos e
queimaduras decorrentes dos incêndios. Os que conseguiram escapar, terão que
encontrar refúgio em habitats naturais próximos e se adaptar ao novo ecossistema
disponível, uma vez que muitas árvores e vegetação local foram completamente
destruídas.
Infelizmente,
a quantidade de incêndios que vem acontecendo nas regiões norte e centro-oeste
do país tem aumentado de forma desproporcional aos anos anteriores, preocupando
não só as autoridades brasileiras, mas diversos governos do mundo inteiro.
Afinal de contas, a preservação e conservação do meio ambiente tornou-se pauta
fundamental em diversas nações que se preocupam com a degradação do meio
ambiente e suas consequências para as gerações seguintes.
No
entanto, esta problemática não se reduz ao âmbito nacional, havendo outros
países cuja população local vive em estado de calamidade pública em
determinadas regiões devido aos inúmeros focos de incêndios ao longo dos anos.
A Austrália, por exemplo, em razão do calor e seca recordes no país, enfrentou
uma forte temporada de incêndios desde meados do ano passado até maio de 2020,
com mais de um bilhão de animais mortos e 25 pessoas falecidas. Os Estados
Unidos também vêm enfrentando uma situação bem complicada com o estado da
Califórnia com centenas de casas destruídas pelos incêndios.
No
Brasil, estudos indicam que umas das primordiais causas da ocorrência de tantos
incêndios seja o desmatamento descomedido, realizado em sua maioria por
queimadas ilegais, desprovidas de qualquer planejamento ou futuro
reflorestamento para amenizar os impactos negativos da exploração incessante
das matas e florestas brasileiras.
Após
tantos meses de enfrentamento e controle dos focos de incêndios no Pantanal
Mato-grossense, vários internautas e artistas se manifestaram nas redes sociais
exigindo apoio mais efetivo do Chefe do Executivo Federal, Jair Bolsonaro, para
administrar este problema ambiental tão grave e complexo.
Contudo,
vale frisar que o meio ambiente é um direito de todos e como tal, também é um
dever de todo cidadão prezar pela preservação do mesmo, buscando meios
alternativos e mais sustentáveis para amenizar os impactos que o consumo
excessivo e a exploração dos recursos naturais trouxeram para o nosso
ecossistema. A mudança de mentalidade, portanto, deve partir de cada um de
nós, enquanto indivíduos, mas ao mesmo tempo, devemos juntar forças para que ações
coletivas sejam direcionadas em prol de um bem-estar maior.
Deste
modo, não acredito que a solução para os atuais problemas ambientais seja dar a
missão exclusiva ao Presidente Bolsonaro de salvar o Pantanal dos incêndios,
pois seria humanamente impossível um único ser conseguir resolver uma questão
que envolve a todos. Primeiro, porque o presidente não administra o país
sozinho, ele depende da atuação de outros órgãos e autoridades para desempenhar
suas funções. Segundo, porque todos nós somos responsáveis de alguma maneira
(direta ou indiretamente) pela condição em que o meio ambiente se encontra.
Antes
de exigir qualquer medida ou postura das nossas autoridades, devemos pensar em
como pequenas atitudes feitas no cotidiano podem refletir positivamente para a
preservação e manutenção do meio ambiente sadio. Deste modo, a sociedade civil
deve ter maior participação na construção de uma sociedade mais consciente,
cidadã e mais ativa nas questões relacionadas à defesa do meio ambiente.
A
educação ambiental é algo bem recente na sociedade e deve ser incentivada desde
cedo para que as crianças adquiram hábitos mais saudáveis e sustentáveis e,
acima de tudo, para que tenham uma relação mais próxima e acolhedora com
habitat em que vivem, respeitando e protegendo o meio ambiente. Como resultado,
teremos futuros cidadãos mais responsáveis e comprometidos com as causas
ambientais.
O
Governo deve atuar naquilo que lhe compete, exercendo o seu papel de garantidor
de um meio ambiente seguro, sadio e pleno para que todas as pessoas possam
desfrutar dos recursos naturais, da beleza e do lazer que a natureza nos
proporciona. Mas não podemos esquecer que cada um de nós também deve fazer a
sua parte, antes de criticar ou exigir que outros façam por nós.
Fontes: www.bbc.com/ www.metropolis.com/ www.g1.com.br
Foto: Reprodução - www.regionalmtnews
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