Racismo sete vezes mais atuante
Conheçam
a trágica história de Jacob Blake, homem negro, 29 anos e pai de família. Mais uma
vítima de racismo e do uso da força policial descomedida nos Estados Unidos. Baleado
sete vezes pela polícia durante uma interação não-violenta e independentemente do conhecimento do seu histórico criminal.
No
primeiro tiro, Jacob Blake perdeu a liberdade de ir e vir sem ser abordado de
forma desrespeitosa pela polícia, que se utiliza constantemente da violência
física para intimidar e constranger transeuntes considerados suspeitos em razão
de sua cor. Outros direitos e garantias fundamentais foram violados quando um
dos policiais que lhe abordou na rua e atirou covardemente pelas suas costas sem
motivo algum.
No
segundo tiro, Jacob Blake perdeu a fé na Justiça, no Governo e nas autoridades que
deveriam zelar pela proteção e segurança da população ao invés de sair atirando
de forma arbitrária em cidadãos inocentes. Ele só não perdeu a fé em Deus, pois
é justamente a ele quem direciona as suas preces para que o mundo se torne um
lugar melhor e mais igualitário.
No
terceiro tiro, Jacob Blake perdeu a crença no amor, pois mesmo Jesus Cristo pregando
o amor universal e, portanto, que tratemos o próximo como um igual, a verdade é
que as diferenças existentes entre povos e etnias são motivos de ódio e
intolerância racial. E como consequência, o racismo se fortalece e se propaga naqueles
que possuem a mente pequena, caráter fraco e alma sem coração.
No
quarto tiro, Jacob Blake perdeu a dignidade, pois mesmo trabalhando arduamente para
sustentar sua família, há pessoas que ainda questionam de onde advieram suas
conquistas e ganhos patrimoniais. Como se pelo fato de ser negro, não pudesse
se vestir bem, frequentar lugares sofisticados ou ter um carro importado, sem
que isso levante suspeitas de que os tenha roubado.
No
quinto tiro, Jacob Blake perdeu o orgulho, pois na maioria das vezes em que foi
discriminado em razão de sua cor, teve que sofrer calado para não suportar mais
humilhações. E nas tantas outras vezes em que cogitou denunciar racistas ou
protestar pelos seus direitos, receava com a possibilidade de ser preso ou
morto por policiais.
No
sexto tiro, Jacob Blake perdeu a alegria e a inocência dos três filhos que
estavam sentados no banco detrás do carro e presenciaram o momento em que o próprio
pai foi alvejado por vários tiros disparados consecutivamente por um único policial.
Ressalta-se de forma calculista e fria.
No
sétimo tiro, Jacob Blake perdeu a consciência em razão das inúmeras feridas que
foram feitas em seu corpo e consequentemente, da grande perda de sangue. No momento
encontra-se em um hospital, lutando para sobreviver. Só não perdeu a vida
porque ainda não era a hora de morrer.
Mais
uma vez, nos deparamos com um gritante caso de racismo envolvendo policiais
brancos nos Estados Unidos e, uma nova onda de protestos se sucedeu na cidade
de Kenosha, Wisconsin para defender os direitos da negritude norte-americana
que sofre com a abordagem policial irregular e totalmente abusiva.
Infelizmente,
assim como aconteceu nos protestos em homenagem a morte de George Floyd, muitos
manifestantes (especialmente aos pertencentes a grupos radicais), se aproveitam
da situação para praticar atos de vandalismo, queimando carros e destruindo diversos
patrimônios públicos e particulares.
Não
acredito que a violência seja a resposta para combater atos de racismo e brutalidade
da instituição policial norte-americana. Entretanto, o movimento negro, que surgiu
nos Estados Unidos durante a pandemia, tornou-se autêntico, político e vem se fortalecendo
a cada dia.
Todavia,
caberá às autoridades locais assentar uma decisão sensata sobre a
responsabilização civil e penal dos dois policiais envolvidos no caso. A população
não ficará mais calada diante de tantos acontecimentos trágicos envolvendo
cidadãos negros. As pessoas anseiam fortemente por justiça e exigem que ela
seja aplicada igualmente para todos.
Os
protestos deram voz a centenas de milhares de pessoas pelo mundo e não há nada
que irá mudar este grande acontecimento histórico. O movimento negro continuará
lutando pelos direitos e garantias individuais de seus integrantes e irá
combater enfaticamente o racismo. Pois paz sem voz, não é paz, é medo – já dizia
este famoso refrão de uma das canções do Rappa.
Foto: Reprodução/Instagram @jacob_.blake
Comentários
Postar um comentário