Dia de finados e a triste partida de Louro José
O início do mês de novembro é marcado por duas datas religiosas bem significativas: o Dia de Todos os Santos (01/11) e o dia de Finados (02/11). Em ambas, se cultiva a tradição de homenagear os mortos, em especial, familiares e amigos queridos que já se foram.
De
acordo com o professor de Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz
de Fora (MG), Volney Berkenbrock, as datas são originárias do Cristianismo,
sendo difundidas pelo mundo inteiro a partir do século XV e tornando-se feriado
em muitos países da Europa e América Latina. Em países como o México e o
Brasil, por exemplo, estas datas foram fundidas à cultura local.
Nas
palavras de Berkenbrock, enquanto que no dia 1° de novembro se reza pelas almas
que morreram em estado de graça, ou seja, que tiveram seus pecados perdoados;
no dia seguinte, as orações são direcionadas para todos os demais falecidos. Uma
descoberta interessante e também intrigante sobre o assunto.
No
entanto, há países que concedem maior importância ao dia de Finados do que o
Dia de Todos os Santos, como ocorre no Brasil, principalmente nas cidades e
municípios do interior cuja tradição é vivida de modo mais rigoroso e eloquente.
Nestas regiões, o aspecto cultural das datas aproxima a relação das pessoas com
a morte, uma vez que os velórios são realizados dentro das casas e o
sepultamento é uma responsabilidade da família. Diferentemente das capitais, em
que as empresas funerárias são responsáveis por este processo tão doloroso.
Outros
países, como os Estados Unidos, que apesar de não terem aderido ao feriado
cristão, celebra o famoso “Halloween” – festa que reverencia os mortos, também conhecida
como Dia das Bruxas. A data, que acontece no dia 31 de outubro, é fortemente
associada à brincadeira do “Trick or Treat” (doces ou travessuras), em que crianças
e adultos se fantasiam de monstros, fantasmas, dentre outros, para sair as ruas
pedindo doces aos moradores das casas que visitam.
Uma
curiosidade sobre o Dia das Bruxas recai sobre próprio nome Halloween que foi
originado do termo “All Hallows Eve”, que significa Véspera do Dia de Todos os
Santos. Portanto, segundo o professor Volney Berkenbrock, a associação com a celebração
religiosa acaba sendo inevitável. O Canadá e a Irlanda são países que também celebram
tradicionalmente o Halloween.
No
quesito festividade, o México é um país que se destaca por celebrar a morte de
uma maneira única e inusitada: sendo festejada ao invés de lamentada. Deste modo,
as pessoas começam os preparativos da festa do “día de muertos”, considerada
pela Unesco como patrimônio cultural do país, desde o dia 31 de outubro até o
dia 2 de novembro (feriado oficial).
O
dia dos mortos já era comemorado pelos índios astecas, antes mesmo da chegada
dos espanhóis no continente americano, que reverenciavam a Dama da Morte, hoje
representada por La Catrina - caveira símbolo do evento. Além dos cemitérios
decorados com bastante flores e velas, os familiares preparam doces e comidas
típicas para presentear os entes falecidos, a exemplo do famoso pão de morto e
das caveiras de açúcar, amaranto ou de chocolate.
De
acordo com a mitologia asteca, a flor de Cempasúchil (conhecida em português
como cravo-de-defunto), possui uma cor vibrante como o sol justamente para
poder guiar os mortos até o submundo. Contudo, no día de muertos, em especial, os
espíritos são guiados pelo aroma da flor para retornar ao mundo dos vivos para
visitar suas famílias. Momento em que eles se reconectam com a vida mundana
para matar a saudade dos parentes e aproveitar para se divertirem com os
festejos.
A cultura mexicana acredita que os mortos
jamais serão esquecidos e permanecerão existindo no além, se eles forem
presenteados por suas famílias com oferendas e homenagens no dia dos mortos. Desta
conjectura obtêm-se o verdadeiro sentindo de eternidade, representada por
aqueles que já partiram, mas que continuam sendo lembrados com carinho e
admiração pelos familiares.
Para
quem quiser saber mais sobre a cultura e os costumes mexicanos, vale a pena assistir
ao filme da Disney intitulado “Coco” ou “Viva – A Vida é uma Festa” em português,
que retrata fielmente as tradições mais importantes do México.
Recentemente,
o ator escocês Sean Connery (90 anos), mundialmente conhecido por interpretar
pela primeira vez nos cinemas, o personagem icônico do espião 007 – James Bond e o ator e humorista brasileiro Tom
Veiga (47 anos), conhecido por interpretar o queridíssimo personagem do
programa Mais Você – o papagaio Louro José, morreram. O primeiro faleceu no
sábado (31/10), enquanto dormia; o segundo veio a óbito no domingo (01/11), após
sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, provocado por um
aneurisma.
Ambos faleceram
em datas muito significativas, reforçando o quanto eram pessoas queridas e
amadas, não só pela família, mas pela legião de fãs que adquiriram ao longo das
respectivas carreiras. O Tom, inclusive,
morreu no Dia de Todos os Santos, demonstrando que de fato foi uma alma que
partiu em estado de graça. Que Deus os abençoe e que sejam eternamente lembrados
pelas pessoas que eram em vida e pelos trabalhos maravilhosos que exerceram na
televisão e nos cinemas.
Fontes: https://lets.events/blog/dia-dos-mortos/
Foto: foto 01 - Artista Vanessa Rivera/Instagram @the_life_of_aivax
foto 02/03/04 - Instagram @fluencytvespanhol
foto 05 - Instagram @precisavaescrever
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