Pedala Robinho!
A saída abrupta do jogador Robson de
Souza, mundialmente conhecido como Robinho, do Santos Futebol Clube evidencia a
força que o movimento feminista vem alcançando no Brasil, uma vez que a
indignação de centenas de milhares de pessoas pelo país pressionou o clube a suspender o contrato com Robinho na sexta-feira
(16/10).
Além da pressão de inúmeros
internautas nas redes sociais, a pressão de torcedores e patrocinadores do
clube foi crucial para que a diretoria do Santos rompesse o vínculo contratual,
sendo que esta decisão foi consentida pelo próprio atleta que concordou com a
sua saída e, inclusive, afirmou em um de seus depoimentos para emissoras de
televisão, que saiu do time de maneira “espontânea”.
Confesso que quando ouvi os
noticiários sobre Robinho, eu pensei que se tratava de uma nova acusação de
estupro. Que equívoco, pois trata-se do antigo caso que ocorreu em Milão,
Itália há sete anos com o estupro coletivo de uma mulher, de nacionalidade
albanesa, que estava completando 23 anos de idade na época.
Esta jovem, cujo nome não foi
revelado por motivos de proteção, estava em uma boate comemorando seu aniversário
com algumas amigas quando conheceu Robinho. Ela estava completamente embriagada
quando foi levada para o camarim do cantor Jairo Chagas que se apresentava
naquela noite. No total, seis brasileiros estão envolvidos no caso de assédio
sexual, dentre eles, o ex-jogador do Santos e seu amigo Ricardo Falco.
Por meio de escuta telefônica, as
autoridades italianas confirmaram Robinho como um dos ofensores, sendo a
sentença de primeira instância desfavorável aos réus, ao condenar o atleta e
seu amigo a nove anos de prisão. Contudo, o atleta aguarda pelo julgamento em
segunda instância na Justiça Italiana, tendo direito a recurso em terceira
instância, caso seja mantida a sentença de condenação.
Em sua defesa, Robinho disse que a
vítima tinha consentido o sexo, mas como uma mulher embriagada poderia
consentir qualquer coisa ou ter noção do que realmente estava acontecendo?
Digamos que a jovem albanesa tenha consentido em ter uma relação sexual com
Robinho no início e no transcorrer da noite, ela tenha mudado de ideia e
desistido de ter relações com ele, mesmo nesta hipótese, o jogador teria que
respeitar a vontade dela, sabendo que ao ultrapassar este limite, como ele e os
outros fizeram, estaria cometendo um crime.
É preciso frisar que casos de
estupro são muito complexos, pois no ordenamento jurídico brasileiro, por
exemplo, o depoimento da vítima prevalece, na maioria das vezes, sobre outros
tipos de prova. No entanto, há casos na mídia nacional e internacional em que mulheres
simulam o estupro para acusar homens de boa condição social/status com o
intuito de obter dinheiro, vantagem econômica ou fama.
Apesar destas simulações representarem
um número bem menor com relação a quantidade de mulheres que são efetivamente estupradas
de forma diária no Brasil e em outros países, elas também acontecem. O polêmico
caso do jogador Neymar com Najila em Paris é a maior prova disso.
Infelizmente, não é de hoje que
ouvimos falar de histórias de estupro envolvendo jogadores de futebol. Robinho
não foi o primeiro e nem será o último. Grandes nomes como Cristiano Ronaldo (Portugal),
Mancini (Roma), Jobson (Botafogo), Marcelino Paraíba (Fortaleza), Danilinho
(Atlético Mineiro) e Cuca (ex-jogador do Grêmio e ex-técnico do São Paulo) já
estiveram envolvidos em escândalos sexuais.
O
que mais me chamou a atenção no caso de Robinho e dos outros jogadores
mencionados anteriormente é o fato de todos os envolvidos serem brasileiros,
com exceção de Cristiano Ronaldo. Será que o problema do estupro é uma questão
cultural? Por que ainda hoje, os homens não conseguem respeitar a mulheres no
que diz respeito a sua sexualidade, forma de se vestir e de se relacionar em
sociedade?
O fato da vítima estar ou não
vestindo roupas curtas e provocantes ou ter se insinuado para o homem não justifica
o comportamento totalmente agressivo, desrespeitoso e imoral que muitos homens adotam na maioria dos casos.
Uma lástima que homens tão ricos e
bem sucedidos na carreira não consigam conquistar uma mulher de maneira
voluntária e espontânea sem que tenham que forçá-la a ter relação sexual com
eles ou pior, drogá-las aproveitando-se do estado de inconsciência e/ou embriaguez
delas para cometer tal ato. Isto comprova que dinheiro não é tudo e que os
homens têm que investir mais na prática da sedução e da paquera, tendo que
aceitar um “não” como resposta e se conformar com a rejeição.
O jogador Robinho se contradisse em
uma de suas entrevistas ao dizer que não tinha estuprado a albanesa e, no
entanto, nas mensagens trocadas com Ricardo Falco, disse que tinha colocado o pênis
dentro da boca da mulher enquanto ela estava inconsciente e mais, riu da situação, pois estava nem aí com o que tinha acontecido. Outro pensamento errôneo
dos homens que acreditam que sexo oral não é considerado sexo e, que, portanto,
não seria estupro.
Uma pena que a diretoria do clube
cedeu apenas por questões de interesse comercial e não pelo fato de um jogador
ter cometido um crime tão grave. Importante salientar que o apoio do movimento
feminista, e de outros grupos que se opõem e condenam este tipo de comportamento, foi
fundamental para expor homens violentos, machistas e abusadores, principalmente
quando se trata de figuras públicas e de jogadores de futebol, ídolos de tantas
pessoas.
Foto: Reprodução/@bitbol
Comentários
Postar um comentário