Mais um presidente cético - enfim, contaminado
Nesta
última sexta-feira (02/10), o presidente Donald Trump e a primeira-dama,
Melanie Trump, testaram positivo para Covid-19. Além deles, a assessora e diretora
de comunicação do presidente, Hope Hicks, também contraiu o vírus recentemente.
Ela esteve presente no seleto grupo de pessoas que acompanhou o atual presidente
dos Estados Unidos durante o voo com destino a Ohio, na terça-feira (29/09), em
razão do primeiro debate presidencial que ocorreu no mesmo dia.
Vale
ressaltar que antes mesmo deste grande evento acontecer, a Casa Branca realizou
uma cerimônia no Rose Garden, no final de setembro (26/09), ocasião em que o
próprio Donald Trump aproveitou para anunciar formalmente a nomeação da
candidata Amy Coney Barrett para ocupar a vaga remanescente na Suprema Corte
Americana. Após a ocorrência desta solenidade, que reuniu dezenas de pessoas
sem as devidas medidas protetivas, oito convidados já testaram positivo para
coronavírus.
Segundo
a representante da BBC no Brasil, Trump e a primeira-dama teriam contraído o
vírus depois que a diretora de comunicação do presidente anunciou que estava
com Covid-19, motivo pelo qual ambos tiveram que se submeter a exames na
quinta-feira (01/10). Entretanto, o resultado só foi divulgado pela equipe
médica no dia seguinte. Como Hicks esteve em contato direto com o presidente e
os sintomas aparecem em torno de três a cinco dias, não se sabe ao certo quem
contaminou quem.
Acredito
que não seja nenhuma surpresa o fato de Trump ter contraído a doença. Na verdade,
era uma questão de tempo, uma vez que o presidente norte-americano não obedece corretamente
aos cuidados estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como por
exemplo, o uso constante de máscara para impedir ou amenizar o risco de contágio.
Durante
o debate presidencial, inclusive, o atual presidente criticou o candidato
opositor, Joe Biden, pelo fato dele sempre aparecer em público utilizando
máscara, ridicularizando o democrata ao referir-se ao tamanho da máscara que
costuma usar. Nos dizeres do próprio Trump: - "Tenho máscara, tenho uma
aqui mesmo, mas não a uso como ele, que cada vez que é visto está com uma
máscara. Pode estar falando, a 200 pés (cerca de 60 metros) de distância, e
está com a maior máscara que se pode ver".
Apesar
do alto índice de contaminados e de mortos no país, o maior de todos em
comparação com outros países, a indiferença de Trump para com os cuidados
necessários para combater o coronavírus evidencia um homem bastante limitado
por sua arrogância, falta de sensibilidade e prepotência. É lastimável as
condutas que Donald Trump vem apresentando até o presente momento, pois como líder
de uma nação deveria ser o primeiro a dar o exemplo para a população e mais,
deveria ao menos demonstrar que se importa com a saúde mental e integridade
física de seus cidadãos.
No
domingo (03/10), mesmo após ter sido diagnosticado com o vírus, Trump deixou o
isolamento para passear de carro com os vidros fechados, nos arredores do
hospital em que está internado, na companhia de dois agentes. A intenção foi
mostrar aos seus eleitores de que estava bem, apesar dele ter necessitado de
oxigênio por duas vezes para respirar melhor.
Por
meio deste teatro político, o presidente dos Estados Unidos brinca com a
própria vida e desdenha de todos, sem se dar conta de que estas atitudes irresponsáveis
podem lhe custar uma reeleição. Infelizmente, até o dia das eleições
presidenciais, o país está nas mãos de um homem que entende de negócios como
ninguém, mas trata as pessoas como se não valessem nada. E vidas importam mais
do que números, apesar delas terem sido reduzidas a porcentagem de contaminados
e mortos.
Mas
o presidente norte-americano não foi o único chefe de Estado a ter sido
contaminado pelo coronavírus. Assim como ele, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro;
o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández; o premiê britânico Boris
Johnson; o herdeiro britânico, príncipe Charles; o primeiro-ministro de Guiné
Bissau, Nuno Nabiam; o príncipe de Mônaco, Albert II e o primeiro-ministro da
Armênia, Nikol Pashinyan, também foram infectados.
Uma
pena que alguns deles, mesmo após terem enfrentado os sintomas da doença, ainda
não conseguiram perceber a gravidade do vírus e dos riscos de contaminação,
deixando a população as margens da própria sorte e sem as devidas medidas de
proteção para prevenir adequadamente a doença.
Com
apenas três dias na condição de infectado, Donald Trump disse que já aprendeu
muito com o coronavírus. Mas será de fato? O segundo debate presidencial
ocorrerá no dia 15 de outubro (quinta-feira), será que até lá, o presidente dos Estados Unidos
apresentará um comportamento diferente, mais humilde, consciente e atencioso
com as questões de saúde pública?
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54417576
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54395898
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54355703
Foto: Reprodução/Metrojornal
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