O papel de uma primeira-dama
Ao longo da história da humanidade, inúmeros homens poderosos e influentes assumiram cargos importantes e construíram governos que revolucionaram (para o bem ou para o mal) o contexto político-econômico e social de um país, assim como o contexto histórico mundial. Contudo, a célere premissa que diz: “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher” reforça a ideia de que algumas mulheres também deixaram a sua marca registrada na história, ainda mais por terem de destacado em um ambiente predominantemente agressivo, competitivo e masculino.
Nomes como Evita Perón, Jackie Kennedy, Carla Bruni, Michelle Obama, entre outros, tornaram-se mundialmente conhecidos em razão dos papéis desempenhados por estas mulheres. E o que todas elas têm em comum, afinal? Elas exerceram o cargo de primeira-dama em determinado momento político. Apesar de não terem ocupado um cargo considerado de relevância e de peso para a sociedade, elas abrilhantaram os governos de seus respectivos maridos (então, presidentes) por meio de suas atuações sociais e altruístas. Ouso até dizer que algumas delas se destacaram mais, chegando a superar a popularidade do próprio marido.
No entanto, o que significa ser a primeira-dama de um país? Significa apenas ser uma mulher recatada e do lar como muitos afirmam? Para quem não conhece a história de vida destas quatro fantásticas mulheres, de fato não irá compreender a grandeza que representaram (e ainda representam) para a sociedade atual, mesmo não tendo desempenhado um papel político. Portanto, quem pensa que elas não foram protagonistas de seu tempo, está enganado. Estas ex-primeiras-damas também fizeram revolução a seu modo e deram sua contribuição para a sociedade.
María Eva Duarte de Perón (1919 – 1952) não foi apenas a esposa do ex-presidente da Argentina, Juan Domingo Perón (1845 – 1974). Enquanto primeira-dama, ela abandonou a carreira de atriz para se tornar a mulher mais famosa do país, a lendária Evita. A importância simbólica de Evita para o Peronismo, por meio de políticas sociais de vanguarda, é tamanha que pouco antes de morrer, o Congresso concedeu a ela o Título de Chefe Espiritual da Nação. Antes mesmo desta honrosa homenagem, já era considerada a “mãe dos pobres”, em razão dos feitos realizados em prol da população. A sua morte ensejou uma comoção nacional em todo o país.
Jaqueline Lee Bouvier Kennedy Onassis (1929 – 1994), carinhosamente conhecida como Jackie, foi uma das mulheres mais icônicas do século 20. Formada em Literatura Francesa, em Washington – eterna amante dos livros, da música e da arte – se tornou a primeira-dama dos Estados Unidos, em 1961, uma das mais jovens da história. Refinada e culta conquistou a admiração das pessoas pelo seu carisma, discrição e senso de estilo impecável, moldando a estética da moda dos anos 60. Desta maneira, ela também não foi apenas a esposa do ex-presidente John Fitzgerald Kennedy (1917 – 1963), mas uma mulher que teve uma atuação importante para o contexto histórico de seu país.
A advogada e escritora, Michelle LaVaughn Robison Obama (60 anos), tornou-se a primeira afro-descendente a ocupar o posto de primeira-dama dos Estados Unidos e ganhou mais popularidade do que o seu marido, Barack Obama (63 anos). Ela se destacou na sociedade norte-americana por conta dos seus diversos projetos voltados à cidadania e saúde, especialmente aqueles direcionados ao incentivo à alimentação saudável e práticas de exercícios físicos. Além de combater a obesidade infantil, defendeu a educação e os direitos das mulheres. Também já publicou diversos livros de sucesso.
A modelo, cantora e compositora italiana, Carla Gilberta Bruni Tedeschi Sarkozy (56 anos) – mais conhecida como Carla Bruni – teve que largar a carreira musical, em 2008, para se casar com Nicolas Paul Stéphane Sarkozy (69 anos), então presidente, e se tornar a primeira-dama da França. Em uma antiga entrevista concedia ao Fantástico, a ex-primeira-dama disse que por mais que tenha sido difícil deixar a música de lado, poder ajudar os outros e fazer o bem foram coisas incríveis de se fazer [fazendo menção a um cargo que exige responsabilidade, empatia e comprometimento para com a sociedade].
Carla Bruni também disse que “sempre gostou de fazer piadas, mas enquanto esposa de um político [na época, presidente], ela se controlava para não falar nenhuma besteira e causar um problema diplomático”. Pelo visto, tem pessoas que precisam aprender com estas mulheres como a se comportar como uma verdadeira primeira-dama de um país que se preze o respeito. E o que estas quatro mulheres teriam em comum, além da simpatia, carisma, beleza e sagacidade? Tiveram a coragem de assumir uma função que apesar de tecnicamente secundária, desempenha um enorme papel social e diplomático. Vale ressaltar a destreza com que cada uma delas agiu em prol do bem-estar de seus cidadãos e da humanidade como um todo.
Outras qualidades que todas compartilham dizem respeito à sabedoria e humildade com que souberam lidar com o poder de seus respectivos maridos, sem querer aparecer mais do que eles ou querer assumir suas funções para si. Ao invés disso, elas atuaram de forma eficiente na função que lhes competiam, muitas das vezes, orientando os seus maridos nos bastidores e mostrando que entendem de política tanto quanto eles.
Portanto, elas não se tornaram queridas e admiradas no mundo inteiro pela arrogância, falta de educação, rudeza ou incompetência. Muito pelo contrário, a força e o brilhantismo destas mulheres sempre estiveram atrelados à feminilidade, empatia, inteligência emocional e capacidade de suportar os problemas do presidente de modo a apoiá-lo sem criar mais problemas dos que ele tem que resolver diariamente. E apesar de não mais atuarem como primeiras-damas, continuam a inspirar as pessoas e sendo lembradas com muito carinho e admiração.
Ao que tudo indica a premissa “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher” não se aplica ao atual governo brasileiro, tanto pelo fato do Lula ter deixado de ser aquele homem íntegro que representava o povo trabalhador quanto pelo modo como a Janja vem se comportando publicamente nos eventos oficiais. Além de que a primeira-dama do Brasil não exala nenhum carisma ou empatia pelas pessoas, afinal, o que ela tem feito pelo povo brasileiro até o presente momento? Quais ações sociais ela realizou, além de gastar o dinheiro público com viagens caríssimas, produtos de luxo e eventos desnecessários como o “Janjapalooza”?
Não se trata de machismo ou da impossibilidade das mulheres terem voz ativa na política, até mesmo porque a história mostra a existência de mulheres reverentes, destemidas e fortes que souberam se impor sem o uso da violência verbal ou arrogância. Deste modo, se não for dar nenhuma contribuição positiva ao país, que ao menos não atrapalhe o governo do marido (que já não está bem das pernas) com depoimentos grosseiros, vergonhosos e de baixo-calão que comprometam ainda mais as relações exteriores do Brasil com outros países. De primeira-dama a Janja só possui o título, pois na essência fica a desejar. Lamentável.
Foto: Google
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4gv7k0298wo
https://oglobo.globo.com/mundo/cinco-primeiras-damas-marcantes-na-politica-mundial-19149399
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62311886.amp
https://g1.globo.com/tudo-sobre/carla-bruni/
https://www.infomoney.com.br/perfil/michelle-obama/?amp
Comentários
Postar um comentário