Antissemitismo em pauta
Desde o ataque do grupo terrorista Hamas, em Israel, no dia 07 de outubro de 2023, o antissemitismo tem crescido vertiginosamente em vários países do mundo e a Europa tem sido o palco principal de grandes atos de violência, vandalismo e discursos de ódio contra israelenses e comunidades judias construídas fora de Israel. Não é de hoje que, em diversas cidades europeias, casas, lojas e comércios de famílias judias foram pichados, danificados e até mesmo destruídos por manifestantes pró-Palestina. Em Amsterdam, por exemplo, ocorreram dois casos bem recentes (quase em sequência).
Na quinta-feira (07/11), ao final do jogo de futebol entre o Ajax (time da Holanda) e Maccabi Tel Aviv (time de Israel), duzentos torcedores israelenses foram cercados e brutalmente atacados nas ruas de Amsterdam por vários grupos de manifestantes pró-Palestina. Cinco pessoas ficaram gravemente feridas a ponto de serem hospitalizadas e outras, entre 20 a 30 pessoas, tiveram ferimentos leves.
É de conhecimento público e notório de que antes mesmo da partida começar já havia uma tensão muito grande entre os torcedores adversários. Inclusive, alguns torcedores israelenses chegaram a queimar uma bandeira da Palestina e entoar cânticos com o intuito de provocar o povo árabe. Apesar de tudo ter ocorrido bem dentro do estádio, os ataques se iniciaram nas ruas bem no centro da cidade. O governo de Israel agiu de imediato e enviou aviões para levar os torcedores de volta para casa (no total, 3.000 israelenses foram assistir ao jogo).
A polícia holandesa prendeu sessenta e duas pessoas suspeitas de envolvimento neste ataque. No geral, jovens do sexo masculino, entre 18 e 37 anos, pertencentes a famílias de imigrantes que vivem na Holanda. As autoridades locais acreditam que este ato fora premeditado por vários grupos de manifestantes pró-Palestina organizados no Telegram, com o objetivo exclusivo de caçar judeus para agredi-los verbal e/ou fisicamente (muitos almejam o extermínio total dos judeus no mundo). Quatro destes suspeitos ainda estão sob custódia da polícia.
Em represália aos atos antissemitas, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoff, afirmou que revogará todos os passaportes holandeses de cidadãos que possuem dupla nacionalidade e que pratiquem agressões físicas ou incitem discursos de ódio contra judeus. Deste modo, a prefeita de Amsterdam, Femke Halsema, intensificou a segurança nas ruas, proibiu o uso de máscaras e cobertores, além de aumentar o poder de polícia que passou a ter autorização legal para parar e revistar qualquer pessoa em vias públicas.
Contudo, mesmo as autoridades públicas tendo proibido qualquer tipo de manifestação após o trágico acontecimento, na segunda-feira (11/11), manifestantes atearam fogo em um trem nos subúrbios da cidade. Segundo o Jornal De Telegraaf, pessoas vestidas de preto e armadas com fogos de artifícios jogaram destroços no trem e gritaram “kanker Joden”, que significa judeus cancerosos, em português. Além desta fala, também gritaram “Palestina Livre”. Até o presente momento não há sinal de feridos.
É lamentável estarmos, enquanto sociedade, testemunhando uma nova onda de antissemitismo no mundo, apesar da nossa história relatar fatos amargos que marcaram profundamente a humanidade. Fatos que jamais foram esquecidos em razão das atrocidades acometidas contra um povo que sofre há muitos séculos. Não é possível que o ser humano não consiga aprender com os erros do passado a ponto de repeti-los. Como as pessoas não enxergam que estão adotando o mesmo comportamento idealizado por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial? Eu não consigo entender e não preciso ser judia para me indignar com tamanha ignorância coletiva.
Enquanto muitos gostariam de esquecer tudo o que sofreram num passado não tão distante, centenas de milhares de pessoas - que não fazem ideia do que realmente foi o nazismo ou o fascismo - estão se comportando como verdadeiros Hitlers em tempos modernos. De fato, as pessoas precisam ler mais para poder compreender a história mundial e a complexidade que a guerra no oriente médio revela com relação à geopolítica, religião, fanatismo e soberania nacional. Não podemos simplesmente apagar o que fora registrado em décadas de história para querer criar uma interpretação paralela e fantasiosa dos fatos. Afinal, não podemos mudar o passado, mas podemos construir um futuro melhor para todos.
Infelizmente, numa guerra sempre haverá perdas de ambos os lados, ainda mais quando se trata de civis inocentes. Porém, a sociedade não pode continuar permitindo que o fanatismo político e religioso cegue as pessoas a ponto delas cometerem crimes em prol de uma crença ou ideologia. Assim o fez Hitler.
Muitas pessoas já morreram nesta guerra atual entre Palestina e Israel. Não há necessidade das pessoas fazerem novas vítimas. Precisamos zelar pela paz mundial e, portanto, pelo fim da tirania de grupos terroristas que falam e agem em nome de povos das quais não representam. Estados soberanos que defendem a democracia e os direitos humanos não governam pelo medo e muito menos pela prática de crimes hediondos. Não podemos ser coniventes com o terrorismo e, tampouco, utilizá-lo como justificativa razoável para tanto derramamento de sangue e disseminação de ódio.
Foto: Google
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