Nova catástrofe ambiental

novembro 06, 2024

Nova catástrofe ambiental

Após enfrentar um período de secas severas e prolongadas, a Espanha foi tomada por enchentes repentinas que transformaram ruas em verdadeiros rios e cidades totalmente submersas. A província de Valência - localizada na costa leste do país - e diversos municípios próximos foram fortemente afetados, com registro de chuvas que superaram a média anual. Em algumas áreas, por exemplo, foram registradas até 445,4 l de precipitação por metro quadrado.

Estas chuvas foram provocadas por um fenômeno meteorológico conhecido como DANA (Depressão Atmosférica de Nível Médio). Este termo passou a ser utilizado para identificar chuvas intensas e abundantes na região do Mar Mediterrâneo, sobretudo na região da Costa Mediterrânea da Península Ibérica, durante o outono. Segundo a Agência Meteorológica da Espanha (Aemet), a DANA pode permanecer parada num mesmo lugar por vários dias ou até mesmo se deslocar para o oeste do país, tendo se tornado a mais adversa do século XXI na Comunidade Valenciana.

De acordo com Jorge Olcina, professor de Climatologia da Universidade Valenciana de Alicante, a secura do solo agravou ainda mais os efeitos das chuvas, uma vez que a atual condição deste impediu que a terra absorvesse grandes volumes de água rapidamente. Além disso, a urbanização descontrolada não permite que as cidades tenham um sistema de esgoto que suporte o escoamento de grandes quantidades de água, devido à densidade populacional de Valência que é de quase dois milhões de habitantes.

A Guarda Civil Espanhola e as equipes de emergência estão monitorando as áreas afetadas e resgatando pessoas que ficaram ilhadas em suas casas ou presas dentro de seus veículos. A Guarda já contabilizou cerca de 3.400 resgates e 217 mortes confirmadas desde o início das enchentes, na terça-feira (29/10). Vários idosos, mulheres e crianças foram resgatados, algumas delas em cestas de resgates, levadas por helicópteros. Infelizmente, muitas pessoas ainda estão desaparecidas.

Centenas de milhares de pessoas perderam tudo em poucas horas de chuva. As imagens de ruas alagadas ou cobertas de lama são estarrecedoras. Sem esquecer de mencionar as ruas que foram totalmente tomadas por carros por todos os lados, de modo que se tornou quase impossível transitar sem ter que subir nos capôs dos veículos ou escalar os destroços amontoados pelo chão barrento. As cenas transmitidas pelas mídias e pela própria população nas redes sociais são impactantes e representam tanto a destruição quanto as perdas imensuráveis que a Espanha enfrenta.

O Governo Espanhol decretou estado de emergência em Valência e acionou as Forças Armadas para auxiliar nas operações de resgate juntamente com as equipes da Defesa Civil e bombeiros de outras regiões que se deslocaram até os locais mais afetados. Além disso, eles também devem continuar na busca por desaparecidos e distribuir suprimentos para as comunidades isoladas. Para somar ainda mais esforços, Madri, a capital do país, enviou 7.500 militares para a região de Valência na segunda-feira (04/11).

Segundo o pesquisador do Observatório Socioeconômico de Inundações e Secas (OBSIS), Pablo Aznar, faltou uma comunicação mais efetiva das autoridades locais para avisar a população do que estava acontecendo e dos riscos iminentes que eram passíveis de acontecer. Deste modo as pessoas poderiam ter evacuado as regiões em estado de alerta o quanto antes. Portanto, para Aznar, uma ação mais rápida poderia ter salvado mais vidas.

No Brasil, o estado do Rio Grande do Sul passou por uma tragédia bem similar, em maio deste ano, com fortes chuvas torrenciais que inundaram 397 cidades (quase 80% dos municípios gaúchos). Estas duas catástrofes ambientais, portanto, evidenciam a importância dos governos e nações do mundo inteiro se atentarem para as mudanças climáticas e adotarem políticas de preservação do meio ambiente mais efetivas e urgentes.

A própria mãe-natureza está dando sinais de que a forma como o homem está trilhado o seu caminho em prol do progresso, sem uma maior consciência dos problemas ambientais ou por ignorá-los por completo, está causando destruição em várias partes do mundo. Muitas delas, com consequências gravíssimas para o planeta Terra e seus habitantes. Quantas enchentes ainda teremos que presenciar para nós, seres humanos, tomarmos uma atitude?