Proibição de implantes hormonais no Brasil - Saiba o porquê
Após muita reclamação e
denúncias de várias sociedades médicas, a exemplo da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) finalmente proibiu a comercialização, manipulação,
propaganda e uso de implantes hormonais que eram elaborados em diversas farmácias
em todo o Brasil. Conhecidos como “chip da beleza”, eram utilizados em
tratamentos para emagrecimento, menopausa, antienvelhecimento, entre outros.
Os implantes são subcutâneos
e contém uma mistura de hormônios, entre eles:
a testosterona (principal hormônio sexual do homem que estimula o
desenvolvimento muscular e aumenta o metabolismo do corpo), a gestrinona (pode favorecer
o ganho de massa magra, reduzir a gordura corporal e aumentar a disposição), o estradiol
(principal hormônio sexual da mulher usado para tratar sintomas associados à
menopausa), a oxandrolona (usado para ganhar massa muscular) e a ocitocina (ajuda
no emagrecimento por controlar o apetite).
Contudo, estes chips da
beleza nunca passaram por uma avaliação formal de segurança pela agência
reguladora, razão pela qual, desde o ano passado, o Conselho Federal de
Medicina (CFM) já havia proibido o uso de esteroides para fins meramente estéticos.
Além de não terem sua eficácia comprovada até o momento atual, sabe-se que eles
trazem sérios riscos à saúde do paciente, como a dislipidemia (elevação de
colesterol e triglicerídeos no sangue), hipertensão arterial, arritmia cardíaca,
AVC – Acidente Vascular Cerebral, entre outros sintomas. Os implantes hormonais
ainda causam crescimento excessivo de pelos nas mulheres, hipertrofia (aumento
anormal) do clitóris, além de queda de cabelo (alopecia) e alteração na voz.
Médicas como a
ginecologista, Clarissa Silveira, vêm fazendo alertas a respeito do uso dos
implantes hormonais em quaisquer finalidades, uma vez que há escassez de
estudos publicados e os poucos artigos acadêmicos existentes estão bem desatualizados.
Outro ponto importante trazido por Clarissa se refere à falta de conhecimento
dos efeitos destas substâncias quando utilizadas na forma cutânea, já que
inicialmente elas foram feitas para o uso oral. Ademais, ela também defende que
existem hormônios tradicionais já regulamentados e com eficácia comprovada que ajudam
na reposição hormonal em mulheres.
É lamentar que muitos
médicos façam uso destes chips da beleza em seus pacientes - sem qualquer
critério ou justificativa plausível – incentivando e reforçando a ideia do
corpo perfeito sem o mínimo esforço para a obtenção de resultados. Alguns,
inclusive, vendem a promessa de tratamento de endometriose (quando o endométrio
cresce fora do útero, em regiões da cavidade abdominal, como os ovários e a
bexiga, causando fortes dores e dificuldades na vida da mulher) com o uso de esteroides
anabolizantes! É surreal demais.
É impressionante como uma
enorme quantidade de pessoas preferem inserir determinadas substâncias em seus
corpos, sem saber os reais efeitos colaterais e o risco à saúde apenas para obter
o corpo escultural tido como perfeito dentro dos padrões sociais. Muitas delas sequer
sabem como o chip da beleza funciona exatamente no organismo, apenas estão preocupadas
com os resultados estéticos. Infelizmente, muita gente está negligenciando sua
saúde e pagando um preço muito alto para manter um corpo sarado.
A alta demanda pela
inserção dos implantes hormonais também acontece por conta da propaganda de
influenciadoras digitais, como Virgínia Fonseca e Patrícia Ramos, que expõem
seus corpos esculturais nas redes sociais e falam do milagroso chip da beleza.
E estas pessoas ditam verdadeiras modinhas e exercem uma forte influência na
vida dos internautas. O que elas consomem, muitos dos seus seguidores acabam
consumindo também. Mas até que ponto vale a pena correr riscos para se enquadrar
num padrão de beleza social?
A partir deste
contexto, nos deparamos com um sério problema de saúde pública que acontece numa
rápida e progressiva escala, porém, que precisa ser fortemente combatido por
profissionais que de fato se preocupam com o bem-estar de seus pacientes e não
apenas com dinheiro. Portanto, em razão desta recente proibição, as farmácias
que, porventura, continuarem a manipular estes implantes hormonais, poderão ser
interditadas e responder a processo.
Foto: Pinterest
Fontes:
Por que a Anvisa proibiu o
"chip da beleza"? | Exame
Chips da beleza: Anvisa proíbe
venda e uso de implantes hormonais | Metrópoles
Clarissa Silveira: Anabolizantes
podem causar hipertrofia do clitóris
Oxandrolona: para que serve,
benefícios, ciclo e efeitos colaterais
Ocitocina: o que é e para que serve
o hormônio do amor - Minha Vida
Testosterona: o que é, para que serve, sintomas e como
aumentar - Tua Saúde
Endometriose: O que é, sintomas,
tratamentos e causas.
Gestrinona: o que faz no corpo e
efeitos colaterais - Brasil Escola
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