Pedido de desbatismo
Na Bélgica há um forte
movimento entre os católicos que solicitam a remoção dos seus registros de
batismo em razão dos abusos sexuais que foram cometidos pelos clérigos da
Igreja Católica durante as décadas de 50, 60 e 70 e que foram encobertados por muitos
anos. Vale ressaltar que estes abusos ainda continuam acontecendo na atualidade,
havendo um aumento vertiginoso de casos denunciados no país, em 2023 – foram 218
casos – quase cinco vezes mais que os registrados no período anterior (2022). Este
movimento cresceu rapidamente após a divulgação do documentário “Godvergeten”,
transmitido em setembro de 2023, que trouxe ao público testemunhos de
sobreviventes de abuso sexual clerical.
Este ato de protesto
reflete a indignação das pessoas com relação ao encobrimento dos abusos por
parte da própria Igreja Católica, além da falta de maiores punições aos agentes
que cometeram os crimes. Tanto o Governo Belga quanto seus cidadãos exigem uma
resposta mais contundente e efetiva da Igreja, afinal de contas, os bispos e
outros integrantes desta poderosa organização (padres e diáconos) foram apenas despojados
do estado clerical, sem ter que indenizar as vítimas ou responder penalmente
pelos atos ilegais e imorais praticados.
Uma grande parte da
população católica da Bélgica também perdeu a confiança e a credibilidade na
Igreja Católica em razão de ter sido omissa por tanto tempo e deste modo,
conivente com os abusos sexuais praticados nos diversos âmbitos da instituição.
Não é à toa que entre julho de 2023 e junho de 2024, registraram-se 14.251
pedidos de “desbatismo” no país (a média era de 1.200 pedidos anuais).
As pessoas de fato querem
se afastar das doutrinas da Igreja Católica ao não concordarem com a forma como
ela vem agindo com relação a este assunto e tantos outros mais delicados como a
condenação do aborto e a defesa dos direitos LGBTQIA+. A recente visita do Papa
Francisco, em setembro deste ano, causou certa controvérsia ao criticar as leis
de aborto da Bélgica e chamar os médicos que o praticam de sicários (matador de
aluguel ou quem é contratado para matar alguém).
O pontífice celebrou
uma missa para 30.000 fiéis num estádio em Bruxelas e em seu discurso, condenou
severamente os abusos cometidos por membros da Igreja e apelou para que eles
deixassem de ser encobertados. Contudo, de acordo com o Primeiro-ministro belga,
Alexander De Croo: - As palavras não bastam, é necessário tomar medidas
concretas.
Vale frisar que este
movimento não é exclusivo da Bélgica, ocorrendo em outros países da
Europa e tem se tornado cada vez mais comum entre os católicos. Será que este movimento também ganha força no Brasil
Foto: Pinterest
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