Fascismo no Brasil?
Desde
que o ex-deputado federal Jair Bolsonaro assumiu o cargo de chefe do executivo
da República Federativa do Brasil, eu ouço falar de que o seu governo é
fascista e genocida. E apesar de não entender muito sobre política e, ter
estudado pouco a respeito do Partido Nacional Fascista liderado pelo chefe de
Estado, Benito Mussolini, me questiono se é possível igualar tais governos.
Contudo, vale ressaltar que estes termos estão sendo utilizados de forma
bastante reiterada, enfática e enraivecida pela população, especialmente pelos
eleitores que não votaram nele nas eleições de 2018 e pelos que votaram, mas que
deixaram de simpatizar pela figura do atual Presidente.
O
foco do meu questionamento é sobre o uso destes termos, uma vez que as pessoas
costumam se apropriar de determinados vocábulos e expressões, sem muitas das
vezes questionar a sua aplicação ou procurar entender o contexto histórico em
que eles surgiram. Além deste fato, também propagam estes termos sem ter o
entendimento completo sobre seu significado, contribuindo para a formação de
opiniões distorcidas. E não me refiro somente à política. Portanto, estou aqui
para procurar entender melhor estas terminologias para que eu possa ter um
embasamento mais aprofundado e senso crítico sobre o assunto.
Os
ideais fascistas nasceram em 1919, após a 1ª Guerra Mundial, contexto em que
muitos países europeus estavam passando por forte crise econômica, social e
política. O líder do regime, portanto, aproveitou o momento caótico para implementar
uma nova organização paramilitar, cujo discurso era altamente nacionalista e antissocialista.
A intenção era seduzir os grupos conservadores da sociedade para que defendessem
os ideais do Partido Nacional Fascista, criado em 1920.
Entretanto,
o fortalecimento do fascismo se deu por meio da famosa Marcha sobre Roma, em
que os camisa-negras (membros do partido) foram às ruas exigir que o rei Vitor
Emanuel III nomeasse Benito Mussolini ao cargo de Primeiro-ministro da Itália. A
partir deste acontecimento histórico, Mussolini obteve um grande poder em mãos,
utilizando-se do medo, da força (milícia) e da violência para coagir as pessoas
a votarem nos candidatos do partido. Por meio das eleições fraudulentas de
1924, o partido tornou-se vitorioso.
O
regime fascista ficou mundialmente conhecido pelo alto teor totalitário e
autoritário, cujo poder era exercido tão somente pelo chefe de Estado e
centrado na imagem de Benito Mussolini, que era exaltado e adorado acima de
tudo e de todos. O Estado era muito forte, opressor, vigilante e controlava
tudo. Não havia outros partidos que disputassem as eleições (até porque elas
foram banidas) e sim, um único partido liderado por um ditador cujo ego e
ambição eram maiores do que o próprio povo. Quem se opusesse ao regime fascista
era considerado, opositor, inimigo de Estado e morto.
Em
contrapartida, Jair Messias Bolsonaro foi eleito Presidente pelo voto da
maioria da população por meio de um sistema eleitoral democrático para exercer
um cargo representativo do povo. Deste modo, além de ser o chefe de Estado,
também se tornou chefe de Governo. Por se tratar de uma República Federativa Presidencialista,
o Estado é composto por entes federados (estados, municípios e Distrito
Federal) dotados de autonomia política, administrativa, tributária e financeira.
Ou seja, a União é dividida em três poderes, cada qual exercendo suas
atribuições de maneira independente e harmônica entre si.
A
forma de Governo adotada no Brasil também é tríplice, ou seja, composta pelo
poder executivo, legislativo e judiciário. O primeiro representado pelos chefes
do executivo de cada âmbito da federação (presidente, governador e prefeito); o
segundo pelo Congresso Nacional (Câmara de Deputados e Senado Federal) e o
terceiro pelos tribunais (de primeira instância, segunda instância e pelos
tribunais superiores - STJ e STF). Todos desempenham papéis independentes e
coesos entre si.
Feita
esta rápida análise, eu me pergunto, qual a semelhança do governo brasileiro
atual com o regime fascista de Mussolini? Convenhamos que não há semelhança
alguma! Contudo, vale frisar que Bolsonaro adotou algumas características do
fascismo, a exemplo do nacionalismo exacerbado e do militarismo para o seu
estilo de governo. Em minha opinião, adotar certas características é totalmente
diferente de ser considerado um governo fascista em sua totalidade, até porque
não são iguais. Bolsonaro pode ser arrogante, insensato e rude, mas não é um
ditador. Não há espaço para esta figura no sistema politico brasileiro atual.
Em
relação ao sentimento de amor a pátria e de pertencimento a uma cultura
nacional que o Presidente vem incitando e instigando nas pessoas pelo seu
próprio país é algo louvável e que muitos outros países já o fazem há bastante
tempo. A meu ver, não há nada de errado neste comportamento desde que haja bom
senso e respeito aos demais. No entanto, faço uma crítica no sentindo de que a
bandeira e o hino nacional representam o Brasil e não a figura do Presidente da
República, como muitos vem associando pessoas que usam a imagem da bandeira ou
até mesmo a camisa da seleção brasileira a eleitores de Jair Bolsonaro. O que
não deveria acontecer.
Alguns
cientistas políticos utilizam o termo neofascismo ao se referir ao governo do atual
Presidente da República, uma vez que o fascismo clássico já aconteceu, embora,
o governo de Jair apenas possua algumas características do regime fascista de
Mussolini – o que não o torna fascista. Até mesmo porque Bolsonaro não governa este país sozinho, ele depende de várias outras instâncias e segmentos, com seus respectivos poderes, para governar.
Infelizmente,
as pessoas levantam bandeiras em prol de políticos e partidos como se fossem a
verdade absoluta e acreditam que elas sejam superiores aos demais. Entretanto,
o povo deveria se unir para lutar pelos seus direitos individuais e coletivos. A
intolerância está tão grande que não há espaço para diálogos e muito menos para
o exercício da empatia e do respeito ao próximo. Vivemos numa democracia e,
portanto, as pessoas deveriam respeitar a escolha de voto de cada um.
Foto: Reprodução/https://www.geledes.org.br/
Fontes:
https://www.todamateria.com.br/fascismo/
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/fascismo.htm
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/fascismo.htm
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