O fenômeno chamado Big Brother Brasil
A
fórmula do sucesso da atração televisiva Big Brother, uma das mais assistidas
no planeta Terra, não é novidade para ninguém pelo simples fato do programa já
estar em sua 21ª edição no Brasil, sendo transmitida anualmente pela Rede
Globo. E apesar das inúmeras edições exibidas até o momento presente, o público
nunca se cansa de acompanhar os participantes do reality show que se divertem,
brigam e se metem nas maiores tretas e confusões em prol da fama, dinheiro e
marketing pessoal (seja para o bem ou para o mal).
Contudo,
desde a última edição, a Rede Globo inovou ao convidar atores, blogueiras e
pessoas do meio artístico para participarem do programa. Vale frisar que esta
inovação foi aprovada pelo público e fanáticos do reality show de tal maneira
que a ideia foi repetida na edição atual e tudo indica que continuará se
perpetuando nas seguintes. E mesmo o elenco do BBB20 tendo sido preenchido com várias
celebridades, a campeã do programa foi a médica anestesista, Thelma Assis, evidenciando
a torcida e o gosto popular pela vitória de “pessoas comuns”.
Afinal
de contas, muitos famosos possuem certa estabilidade financeira, estando ali por
diversão, realização pessoal e enaltecimento da própria imagem. Outros, no
entanto, enxergam a atração como um meio lícito para enriquecer, ficar famoso
rápido e elevar o patamar de vida, transformando suas respectivas participações
no programa numa árdua tarefa ou nobre missão pela disputa do prêmio no valor de
1,5 milhão e meio de reais.
Talvez,
por estas razões, muitos telespectadores votem com o intuito de ajudar
determinados participantes ou “Brothers” (como também são chamados) a
melhorarem de vida e se espelham nas experiências dos ganhadores na esperança
de um dia também participar e ganhar o tão desejado prêmio. Vale ressaltar que
Thelminha, diferentemente das duas finalistas do BBB20, não foi convidada pela
emissora Rede Globo e teve que se inscrever, como tantos outros, para
participar do mais almejado espetáculo televisivo de todos os tempos.
Há
aqueles que se aventuram no Big Brother para se autoconhecer, pois além de se
sujeitarem ao confinamento na casa por três meses, sem ter nenhum contato com o
mundo real, são expostos a situações extremas e muito delicadas de confrontação
com outros participantes. Portanto, em razão do confinamento, são afastados da
família, dos amigos e do emprego para viver uma experiência altamente
impactante e muitos não estão preparados para tal desafio. Ou até pensam que
estão preparados, mas quando adentram na casa, percebem que são meros peões no tabuleiro
de xadrez e cada movimentado dado no jogo é decisivo para a permanência no
programa.
Em
regra, se a convivência familiar já é não tão fácil quanto parece, imagina conviver
diariamente com pessoas desconhecidas que, um dia são aliados e no outro, se
tornam adversários em potencial? O clima de interação, as amizades e as conexões
entre os participantes mudam a cada semana e/ou são postas em cheque, tornando a
convivência estressante em razão dos conflitos internos e das táticas de jogo
que influenciam no modo como cada pessoa se comporta e age dentro da casa. Se o
indivíduo não tiver um forte controle emocional para lidar com as adversidades e
problemas que surgem no decorrer do tempo, acaba se perdendo no jogo.
No
entanto, caberá a cada um perceber como a atuação na casa está afetando a si
mesmo e os outros ao redor, trilhando a sua própria história de maneira a
tornar-se o verdadeiro protagonista do reality show. Pois os coadjuvantes podem
até desempenhar certo papel importante na competição e dividir o mesmo espaço,
mas jamais repartirão o prêmio final e o gostinho do triunfo. Já os figurantes
estão longe de alcançar o pódio da vitória, embora, há pessoas que se sentem felizes e vitoriosas só pelo fato de terem participado do programa.
Confesso
que fazia muito tempo que não assistia ao Big Brother Brasil, (dezessete anos
sem acompanhar), embora o BBB21 tenha captado a minha atenção por estar sendo
uma edição em que os participantes estão a flor da pele, mostrando suas
fragilidades como nunca antes visto. Problemas sérios como depressão, racismo, intolerância
e homofobia foram trazidos à tona, sem esquecer de mencionar a forte militância
apregoada por alguns de modo radical e autoritário.
Outro aspecto que está chamando bastante a minha atenção é o fato dos participantes estarem jogando estrategicamente o tempo todo, não havendo espaço para espontaneidade, autenticidade, leveza e descontração. E quando um dos Brothers apresenta genuinamente algumas destas características é escrachado e excluído pelo restante do grupo como se fosse a pior das ameaças (e com razão), pois requer muita coragem para alguém expor seu verdadeiro eu, não só para as câmeras, mas para si e para aqueles que estão ao redor.
Vale lembrar que autenticidade, transparência e boa índole são características que um ser humano pode até fingir ter, durante determinado período de tempo, mas a máscara não se sustenta e cai no primeiro deslize. No entanto, dizem que no jogo e no amor vale tudo, então, cada um que lute para conquistar seu espaço no estrelato da fama, jogando com os artifícios que tem em mãos. Embora, na minha humilde concepção, o caráter, autenticidade e jogo limpo ainda sejam os elementos que verdadeiramente cativam o público.
Foto: Reprodução/POPline
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