Despertar Tardio

Sinto que ainda não despertei para o mundo. Como se mantivesse a minha consciência adormecida no passado, na minha infância. Época em que tudo parecia mais fácil. E de fato era. Sem preocupações, aborrecimentos ou grandes responsabilidades.

O tempo tem passado tão depressa que, as vezes, sinto que não tive tempo o suficiente para amadurecer. Contudo, desta maneira eu estaria enganando a mim mesma e mais a ninguém, pois o tempo tem sido muito bom e generoso comigo. Bom até demais.

Já completei os meus vinte e cinco anos de vida e tenho tudo que qualquer pessoa gostaria de ter: casa, família, amigos, um relacionamento estável, saúde etc... mas sinto que me falta objetivo, foco e determinação. Sinto-me estagnada no tempo. Com muitos sonhos e planos  que nunca  sequer foram projetados no papel. Que desperdício. 

Tenho duas faculdades  no meu currículo. Tão incompletas quanto eu. E não consigo evitar de me sentir confusa e incompetente por não decidir à esta altura da vida, qual profissão seguir. Para piorar a situação, a agonia e o desespero aumentam a cada ano que passa. Todavia, não sei o que fazer com a minha vida. Jornalismo ou Direito? Ambos? Ainda não amadureci o pensamento. Para falar a verdade, tem momentos em que evito pensar à respeito. E assim o tempo vai passando...

Eu não suporto a ideia de me tratarem feito criança, mas há certos momentos em que faço por merecer. Fujo das minhas responsabilidades. Talvez, por medo ou receio de errar, de fazer alguma besteira. Acredito que seja mais por medo mesmo. Droga, como eu gostaria de ousar mais. De tomar mais a iniciativa sobre determinadas coisas. De ter mais controle sobre a minha vida, mas não tenho. Como poderia, se nem mesmo eu sei o que quero?

Tenho vinte e cinco anos e nunca trabalhei. Que vergonha. Gostaria de ter trabalhado, ter assumido mais responsabilidades mais cedo. Talvez, ter adquirido mais conhecimento, independência, novas ambições e mais certeza sobre o que eu quero.

E me dói por dentro ter que concordar com a maneira como as  pessoas me tratam: feito criança. Eu mesma contribuo para isso. A verdade é que eu ainda não alcancei a minha total independência e, não me refiro apenas para a independência financeira. Será que é por isso que algumas pessoas me olham torto? Me criticam e me desaprovam, sem nem saber como sofro por não ser boa o bastante? Por não ser mulher o suficiente nem para comprar um pacote de balões de bexiga?

Sei que não há desculpas... grande parte da culpa é minha. Não nego. Mas eu quero mudar! Só não sei como por onde começar. Tenham um pouco mais de paciência. Será que é pedir muito?