Chega de Desculpas
Nesta
sexta-feira (11/10) um acidente se transformou em uma tragédia. Dois
irmãos em uma moto foram alvo da impaciência, loucura e intolerância do mundo
em que vivemos. Não há outra explicação. Porque se houver, estaremos
perdidos.
Por
que as pessoas ainda tentam justificar a violência? O que justificaria uma
pessoa tirar a vida de outra, apenas por desejo, capricho? Quer saber? Não
quero ouvir. Estou cansada de tanta loucura. Não aguento mais ouvir desculpas!
E neste exato momento, o único pensamento que vem na minha cabeça é sobre uma mãe
descobrindo que seus dois filhos foram brutalmente punidos por algo que não
cometeram. Vítimas do sistema que congestiona a mente das pessoas e as cega.
Outro pensamento me ocorre logo em seguida, poderia ser a mãe de qualquer um.
Poderia ter sido a minha vida ao invés deles. Afinal de contas, a vida é uma
roleta-russa. Nunca saberemos quando será a nossa vez, até que de fato
aconteça.
Não
há desculpa ou justificativa que vá trazer de volta o que se perdeu. E quando
se trata de vidas, o valor a se pagar é alto demais. Cada indivíduo é único e insubstituível.
Não há dinheiro que pague o sofrimento desta mãe que chora em vão pela morte de
seus filhos.
Um
silêncio atormenta as ruas dessa cidade. O luto invade as casas das pessoas sem
nem ao menos bater na porta. A morte simplesmente se apodera dos corpos caídos
no chão, já sem vida. Nem mesmo a moto conseguiu sair ilesa. Apenas destroços.
Não importa para onde olhamos, veremos destroços para todos os lados. Em cada esquina, um novo alvo. Nomes e rostos
diferentes, mas perdas e tristezas tão iguais quanto ao desta mãe que sofre
silenciosamente. Vidas que não seguiram. Sonhos que nunca se tornarão
realidade. Pessoas que nunca conheci e nunca chegarei a conhecer. Uma lástima
para todos nós.
A
verdade dos fatos nunca saberemos... mas o que importa? O mundo noticiou as
mortes, embora, já estivessem escancaradas na cara da sociedade. A rua foi
interditada. Os destroços retirados. Corpos velados. Não há mais o que dizer, a
não ser pelo assento vago de um avião... indo para um lugar qualquer, embora,
melhor do que o destino tomado pelo passageiro.
Sinto
por tudo. Tenho vergonha de fazer parte dessa sociedade que reconhece seus
cidadãos apenas pela certidão de óbito. Não é suficiente o número de mortes?
Quantas vidas ainda terão que ser levadas? Quando a sociedade vai impedir que
tragédias como esta continuem acontecendo?
Lágrimas
de sangue por toda parte. Tão vermelhas quanto o ódio, o medo e o terrorismo que
afronta as ruas. Lágrimas que nunca cessam. Embaçam o visor do carro, impedindo qualquer
pessoa de ver o óbvio. Todos somos vítimas da violência, seja no trânsito, em
casa, no trabalho.
Não
estou pedindo para esquecer, mais temos que dar uma basta! E tem que ser agora,
antes que alguém mais se machuque. Chega de ver mães lamentando por frutos
interrompidos. Que Deus os guie pela nova estrada que caminham.
Só não quero mais saber de desculpas. Porque
se houver, estaremos perdidos.
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