Grevistas cantam: - "Oôô, o carnaval já se acabou"!



Todos os dias quando acordo, tenho receio do que lerei nos jornais. Apenas leio para estar informada sobre a situação da greve, pois sei que a cada dia que passa, não há progresso. As notícias  relatam somente a violência escancarada que atormenta os cidadãos de Salvador e regiões metropolitanas. Até quando teremos que conviver com esta violência e com esta falta de respeito aos cidadãos baianos?

Tenho plena ciência de que a greve se iniciou devido à corrupção deste país. Uma luta pelos direitos sociais, que se tornou uma revolta contra as injustiças vividas por uma parcela da população. Infelizmente, a realidade brasileira mostra o quão longe estamos da democracia. O nosso Governo, todavia, não poderia ser considerado um Estado Democrático de Direito. Como há democracia em um país, onde a própria Polícia Militar, responsável pela segurança pública, está em greve?

De um lado, entendo ou procuro entender os motivos que levaram a paralisação de um terço da PM. Entre as tentativas de negociação, se encontram as gratificações (GAP IV e GAP V), o anistiamento de todos os grevistas envolvidos, "cancelamento" dos doze mandatos de prisões aos líderes da greve, entre outros benefícios.

Até aqui, como cidadãos, procuramos "abraçar" a causa da PM. No entanto, até quando os fins justificam os meios? A partir do momento em que a Polícia Militar se tornou a principal responsável pela fomentação da violência e do caos pela cidade, se tornou tão suja e corrupta quanto o Governo deste país. Por mais nobre que seja esta luta por melhores condições de trabalho, os valores envolvidos foram completamente distorcidos.

A população baiana não tem que pagar pela irresponsabilidade e pela falta de comprometimento do Estado com relação ao salário dos trabalhadores públicos. Somos tão vítimas quanto a PM. E na situação atual em que nos encontramos, estamos pagando um preço muito alto.

O comércio está abalado. Diversos mercados e lojas foram saqueados por toda cidade e RMS. As vendas diminuíram em razão do fechamento do comércio mais cedo e claro, dos constantes furtos e saques. Bancos são constantemente arrombados. Com a exceção do setor público, várias instituições privadas de ensino médio e superior cancelaram as aulas.

A educação do povo baiano está literalmente imobilizada pela greve.  O prejuízo nas redes de ensino é imensurável.  Educação e economia altamente comprometidas. Inclusive, o carnaval está correndo o risco de ser um fiasco total. Como permitir que uma festa de uma dimensão tão grande, aconteça nessas condições? E como pode a PM pensar em arruinar uma festa tão sagrada, não só para os brasileiros, mas para o mundo inteiro? É uma lástima.

Para piorar a situação, líderes da greve estão incitando policiais de outros estados a apoiarem a causa. Pelo visto, não é só o carnaval da Bahia que eles querem destruir. O carnaval dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo já foram citados em conversas gravadas. Não se trata apenas do prejuízo econômico, mas também da imagem negativa exposta internacionalmente. Tenho certeza de que nos próximos meses, o nosso turismo estará fraquíssimo.

Enquanto a poeira não baixar, as pessoas vão sempre reconhecer o Brasil como um país instável, inseguro e perigoso. No total, já se estima cento e trinta e sete mortes. Dentre elas, crianças, jovens, artistas e policias. Cadê a imposição do Estado? Cadê Jacques Wagner, Dilma? Por pior que seja dizer, o Governo está colhendo o fruto do seu trabalho. Ou seria, a falta dele? Corrupção só gera mais corrupção, mesmo que seja de uma forma diferente. Até quando continuaremos a pagar o alto preço por tudo isso?





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