BRASIL: 500 mil mortes representam mais que números
Recentemente, o Brasil alcançou o patamar de 500
mil mortes de pessoas infectadas pela Covid-19. Um número elevado que choca,
entristece e apavora a população. Em meio ao caos que estamos vivendo há mais
de um ano, nos acostumamos a contar a quantidade de mortos como um verdadeiro ritual
de luto, indignação e inconformismo, ao mesmo tempo que se tornou um grande suplício
para as pessoas também. Afinal de contas, acompanhar esta contagem é doloroso
demais, principalmente para aqueles que perderam familiares e entes queridos
durante a pandemia.
E a pergunta que não quer calar: - “Quem assumirá a
responsabilidade por todas estas mortes”? Não é de hoje que a mídia brasileira
direciona a culpa para o Presidente Jair Bolsonaro em razão do comportamento
inadequado em diversas situações; depoimentos públicos sobre o não uso da
máscara e incentivo ao uso da cloroquina; problematização com o contrato da Pfizer
e postergação da vacinação no Brasil, dentre outros. Mas será que de fato, a
culpa é exclusivamente de uma pessoa?
Admito que não há como negar o poder de
representatividade e influência que o Presidente exerce no país, de modo que
muitos brasileiros acatam seu modo de pensar e agir diante o contexto atual de pandemia,
sem muitas vezes filtrar ou questionar determinados posicionamentos que não
trazem soluções, segurança ou sequer o sentimento de comiseração pelo
sofrimento do povo brasileiro. Muito pelo contrário, algumas atitudes de
Bolsonaro só têm trazido ainda mais dúvidas, angústias e revolta.
Contudo, ao invés de focarmos apenas na falta de empatia,
postura e nas falhas do nosso Presidente no que diz respeito à gestão da
pandemia do corona vírus, me atrevo a questionar o que a população tem feito
para amenizar os efeitos do vírus no seu próprio país? Pois a sociedade é
composta pela Administração Pública, com seus deveres e responsabilidades para
com os cidadãos, assim como pela sociedade civil com seus direitos e deveres
também!
A verdade é que somos tão responsáveis quanto os
nossos representantes sobre os fatos que acontecem no nosso país e suas
repercussões. Pois independente dos problemas sociais, políticos e econômicos
que nos cercam, tudo dependerá da maneira como reagimos a eles e o que fazemos
para tentar mudar a nossa realidade (naquilo que nos compete, claro). Desta
maneira, precisamos urgentemente quebrar o paradigma de que tudo é culpa exclusiva
dos nossos dirigentes e de que somos sempre vítimas. Cadê o papel que a
sociedade civil desempenha ou deveria desempenhar de forma mais enfática?
O que dizer, portanto, das pessoas que não usam
máscaras até hoje, apesar da quantidade alarmante de mortos? O que dizer das
pessoas que se aglomeraram (e continuam se aglomerando) em vários eventos que
contribuíram e ainda contribuem para a dispersão em massa do vírus? O que dizer
dos profissionais de saúde que enganaram cidadãos ao fingir que aplicavam a
vacina contra a Covid-19? O que dizer dos indivíduos que se vacinaram antes do
seu tempo porque burlaram a ordem cronológica de vacinação? O que dizer das
pessoas que se recusaram a se vacinar, pensando somente no bem-estar delas e não no do próximo? E aqueles que tomaram a primeira dose da vacina e não retomaram
no período certo para tomar a segunda e assim, concluir a eficácia total de
imunização?
São questionamentos que, muitas das vezes, passam despercebidos
justamente por estarmos focando apenas em uma única pessoa ou em um único
problema, quando devemos pensar no todo. Portanto, vamos parar de criticar, de apontar
o dedo e vamos fazer a nossa parte. Olhar para os nossos próprios erros e falhas
para buscar novas soluções. Pois no meu entender, há mais de um genocida neste
país, embora somente um seja identificado como sendo o responsável pela morte de
500 mil mortos. Não estou aqui para eximir Bolsonaro de suas ações, mas que
cada um assuma a sua parcela de culpa.
Foto: Reprodução/@cnbbnacional
Comentários
Postar um comentário