Déjà vu – A história que se repete
Em Flensburg, na
Alemanha, um homem de sessenta anos colocou um cartaz na vitrine de sua loja
proibindo a entrada de judeus. A cena descrita se encaixa perfeitamente no
contexto histórico que abarcou as décadas de 1930 e 1940, na Europa.
Infelizmente, ela aconteceu na semana passada. E quando pensamos que o passado
nefasto do nazismo estaria sepultado para sempre na história, percebemos que
ele nunca deixou de existir. Afinal de contas, suas árvores continuam dando
frutos e seus sintomas ainda reverberam na sociedade pós-moderna.
Ao que tudo indica, a
ideologia nazista esteve tão somente adormecida ou estrategicamente oculta,
esperando uma oportunidade para vir à tona. Eis que estamos no século XXI,
testemunhando mais uma vez, e de modo recorrente, atos antissemitas acontecendo
em várias partes do mundo, inclusive num país onde, sob hipótese alguma, eles não
deveriam acontecer novamente. Nem por brincadeira de mau gosto!
Confesso que quando
vi a notícia do cartaz, meu corpo estremeceu de medo, angústia e indignação.
Não é possível que a história esteja se repetindo outra vez! Por que será que o
homem sempre tende a repetir os mesmos erros? Por que somos incapazes de
aprender com eles? É por teimosia, ignorância ou pelo simples prazer da
barbárie? O genocídio de seis milhões de judeus não foi o bastante? Ao que
parece, não, visto que voltaram a perseguir judeus e a tratá-los como bichos
como se o Holocausto nunca tivesse existido.
Vale lembrar que
antes do extermínio de vidas judias, propriamente dito, o nazismo criou e
disseminou propagandas ideológicas que discriminavam e demonizavam o povo
judeu, a ponto de transformá-lo num verdadeiro inimigo político do governo e do
povo alemão. Os judeus foram considerados vermes, a escória da sociedade,
responsabilizados por todos os problemas existentes e até acusados de quererem
dominar política e economicamente o mundo. E por tais motivos eles mereceram
ser fuzilados, postos em câmeras de gás para morrerem asfixiados e depois terem
seus cadáveres incinerados.
Perceba como tudo
começou apenas com uma mera ideologia que se tornou uma verdade absoluta de seu
tempo. Deste modo, as pessoas realmente acreditavam que estavam fazendo a coisa
certa ao perseguir e matar um povo considerado inferior (o câncer da sociedade
da época). Ora, se os judeus não representavam nada de bom para a comunidade
alemã e adjacentes, qual o problema em exterminá-los? É aqui que reside a
letalidade do pensamento nazista e antissemita: as pessoas foram ensinadas a
desrespeitar, menosprezar e odiar o diferente.
Acontece que a
manipulação ideologia não se deu somente entre os adultos, as crianças também
foram educadas a odiar os judeus por meio de aulas didáticas e livros infantis
contendo conteúdo antissemita. Uma estratégia utilizada até os dias atuais pelo
grupo terrorista Hamas que objetiva doutrinar crianças palestinas para que se
tornem futuros integrantes e apoiadores do terrorismo contra Israel. Um modo
bem eficiente de doutrinação, porém covarde, pois destrói o que toda criança
possui de mais belo e puro: a bondade no coração.
Além das propagandas
daquela época, também foram feitos vários boicotes ao comércio judeu, de modo a
ceifar o sustento de milhares de famílias que migraram para outras regiões da
Europa, do Oriente Médio e até para as Américas antes do massacre acontecer. Havia
cartazes espalhados por toda parte, dizendo que os judeus não eram bem-vindos
em nenhum lugar. Quem imaginou que isso iria se repetir nos dias de hoje? Ainda
mais dentro da Alemanha que passou a repugnar tais atos e a honrar a memória
dos judeus assassinados.
Infelizmente, o que
mais tenho visto nas redes sociais são judeus serem escorraçados de
restaurantes, proibidos de participar de eventos culturais, de frequentar as
universidades, sendo xingados, ameaçados e até fisicamente atacados em vias
públicas. Em um vídeo, por exemplo, um judeu foi agredido enquanto passeava com
os dois filhos pequenos que assistiram o pai sofrer a agressão sem poder fazer
nada para ajudá-lo. Esse homem não merecia ter sido agredido e tampouco as duas
crianças mereciam ter testemunhado tamanha violência. Que lástima!
Vale frisar, uma
violência indiscriminada que continua sendo difundida em várias partes do mundo,
sendo normalizada e até institucionalizada em vários países! Acredito que os
restos mortais de Adolf Hitler se regozijam em seu túmulo e sorriem triunfante,
pois o trabalho de sua vida se mantém de pé, firme e forte. Talvez, mais forte
do que nunca, pois não se limitou no tempo e no espaço. Ele vive por gerações,
sendo alimentado pelo ódio, prepotência humana e supremacia racial que muitos
ainda defendem com afinco (ou seria derramamento de sangue?). É um déjà vu
aterrorizador e vil.
Neste espaço que
ainda me resta para debater opiniões, não vou me cansar de dizer que defender o
povo palestino não implica em desejar o extermínio do povo judeu. As pessoas
que são pró-palestina deveriam defender a vida humana como um todo e não selecionar
quem deve viver ou morrer, propagando assim o antissemitismo. Os direitos
humanos pertencem a todos, sem distinção de cor, raça, credo gênero ou
religião. Nessa guerra sangrenta, tanto os palestinos quanto os judeus estão
sofrendo muito.
Caro leitor(a), você
tem todo o direito de discordar da maneira como o governo israelense está
administrando essa guerra com a Palestina (e o Irã). Porém, Israel não está
lutando contra os palestinos, mas sim, contra o grupo terrorista Hamas que
governa, de modo autoritário, a Faixa de Gaza há décadas. Luta contra um grupo
que jurou exterminar o povo judeu e que já ameaçou atacar novamente diversas
vezes, replicando o genocídio do dia 07 de outubro de 2023. Afinal, não podemos
esquecer quem iniciou essa guerra.
Assim como não
podemos esquecer que o Hamas tem interceptado toda e qualquer ajuda humanitária
que tenta chegar ao alcance do povo palestino que se encontra na extrema
miséria e fome. Tanto o governo de Israel quanto a UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância), por exemplo, já enviaram alimentos para a Faixa de
Gaza, mas os caminhões que levavam os mantimentos foram roubados pelo Hamas e
ninguém fala nada sobre isso. Recentemente, quatro caminhões contendo leite em
pó que objetivavam alimentar cerca de 2.700 crianças desnutridas foram
interceptados e a ONU, mais uma vez, se manteve omissa.
Essas ações demonstram
que o Hamas não está preocupado com o seu povo que sofre profundamente com a guerra,
além de tê-lo utilizá-lo como escudo humano em diversos momentos por pura conveniência.
Alguns perfis ligados ao grupo terrorista, divulgaram hoje vídeos em que o Hamas
executa três homens palestinos acusados de traição. Crianças assistiram às execuções
e pessoas aplaudiram o show de horror como se fossem a coisa mais natural o
fuzilamento de homens que muito provavelmente, não tiveram direito a um
julgamento formal e dentro das leis que tem como base direitos e garantias fundamentais
de todo cidadão.
O Hamas é uma ameaça
aos próprios palestinos. Portanto, ao invés de nutrir esse ódio que alimenta o
antissemitismo pelo mundo, os palestinos, os alemães, os franceses, os
brasileiros e tantos outros povos deveriam unir forças com os judeus na luta
contra o terrorismo – o verdadeiro inimigo – que vem assolando e dominando o
mundo, sendo inclusive bancado por outras organizações criminosas e
instituições governamentais. Será que o Hamas sendo derrotado, a Faixa de Gaza
não se torne livre e independente para ser um estado soberano?
Chega de destilar
tanto ódio contra quem está apenas tentando sobreviver em meio a uma barbárie
ultrajante. Muita paz.
Fotos: Anti-Semitismo - Fotografia | Enciclopédia do Holocausto
Fonte: "Judeus estão proibidos de entrar aqui!", diz cartaz em loja em Flensburg, Alemanha
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