Maria Medianeira – Um Exemplo de Vida
A Maria Medianeira Gonçalves de Mello, de 60 anos, poderia ser como qualquer outra pessoa, mas a vida quis que ela fosse um ser humano especial. Há dezessete anos, ela foi infectada pelo vírus da AIDS e convive com a doença desde então.
Aposentada e moradora do município Viamão no Rio Grande do Sul, Maria luta diariamente para se manter de pé, em frente a uma doença extremamente forte e cruel. Contudo, nem sempre foi tão fácil. Especialmente no início, quando descobriu ser uma pessoa soropositiva. E mais, pela maneira como ela adquiriu a doença. Em poucas palavras, pelo próprio marido. Entretanto, o mesmo não sabia que possuía a doença. Ambos vítimas da falta de informação e assistência governamental.
Por esses motivos e tantos outros, Maria Medianeira aceitou o convite da diretora Susana Lira para participar do documentário “Positivas”, estreado no Cineclube Lumiar em 2009. Em conjunto com mais seis mulheres, Maria se permite viver este momento tão íntimo diante das câmaras.
O documentário Positivas traz os relatos dessas sete mulheres guerreiras (Silvia, Cida, Heli, Michele, Ana, Maria e Rosário), que ao mesmo tempo em que são fragilizadas pelos sintomas da doença, são tão fortes quanto ela. Pois a determinação e o amor à vida as tornaram quem realmente são: vencedoras.
E, mesmo após tantos anos desde o lançamento do documentário, Maria ainda se emociona: “o filme ainda mexe comigo. Ainda choro. Aquilo ainda está muito verde. Ainda está muito forte, principalmente, quando é no final que a gente abraça, que a gente exige vida”.
Apesar de todas as dificuldades vividas nestes últimos dezessete anos, Maria Medianeira foi presenteada com a fundação da instituição da qual faz parte e que leva o seu nome “Maria Medianeira”. Presente melhor não há. Especialmente, para uma mulher que busca incentivar outras pessoas soropositivas a se cuidar.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas por Maria foi sobre a aceitação e os efeitos do medicamento. Hoje, ela toma apenas quatro comprimidos por dia, mas já chegou a tomar dezesseis comprimidos. “Eu rezo muito. Peço muito a Deus, sabe. Para suportar a cada dia que passa a medicação, a aceitação que é uma coisa que temos que tomar. E, eu passo essa mensagem para todos”.
Outra dificuldade foi sobre o sigilo com relação ao seu estado sorológico. Ela preferiu manter em segredo sobre sua doença, pelo menos no local onde mora. Pois não queria que soubessem que carrega dentro de si, uma doença tão letal e estigmatizada. “É um peso que tu carrega nas costas. Enquanto tu não diz para sua família ou alguém que seja de confiança, você carrega isso nas costas, entende?”.
Atualmente, Maria possui um grande sonho: a de ter a sua própria sede em seu município com as pessoas certas trabalhando com amor e carinho. E, diz com todas as letras, que uma das maiores recompensas é “ver essas pessoas estarem ali sendo ativistas e um dia estarem aqui (no ENONG), discutindo as ações”.
De fato, Maria Medianeira é uma mulher muito especial e mais, um ser humano de valores e princípios inestimáveis. Um exemplo de vida para tantos outros que assim como ela, convivem com a AIDS. “Graças a Deus, eu estou bem. Consegui me aceitar como soropositiva. Faço meu tratamento tudo certinho. Procuro qualidade de vida, que eu consiga ter mais anos ainda”. E, com a auto-estima lá em cima, Maria está feliz com a vida e segue vivendo, sonhando e lutando por um futuro melhor. Não somente o dela, mas o de todos. Obrigada Maria pela sua garra e força.
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