A Culpa é das Estrelas



Por mais que eu tente me convencer de que "A culpa é das Estrelas" é um livro de ficção como outro qualquer, de que Hazel Grace e August Walter são apenas personagens fictícios, não dá para negar de que ficção e realidade estão tão próximos um do outro. E bem no fundo, sinto que A Culpa é das Estrelas não é apenas um livro. É a mais pura realidade, seja ela aceitável ou não. Por incrível que pareça, existem milhões de Hazel e August espalhados pelo mundo inteiro, esperando o momento em que a morte já não seja mais uma escolha.
Para falar a verdade, não há nada de extraordinário neste livro que tantos outros já não tenham mencionado antes: o câncer é uma doença destrutível, letal. E quando mais cedo ele chega, mais as pessoas se revoltam diante das situações que a vida cria. Ninguém quer lidar com a morte, embora, ela seja inevitável, assim como o próprio câncer que se apodera dos corpos alheios e indiferentes a ele.
Assim como todas as pessoas, o câncer tenta lutar para sobreviver dentro da humanidade, ao mesmo tempo em que ele se agarra à esperança de que um dia, elas desistam de lutar. E quando paramos para analisar o quadro fático, já não sabemos quando um começa e o outro termina. Ambos viraram uma simbiose de alguma coisa amorfa, indefinida no tempo e no espaço. Uma mutação genética que distorce tudo e à todos. 
Contudo, durante este longo e demorado processo (às vezes, curto até demais), nos perguntamos: - O que esperar quando não há mais o que esperar do universo, a não ser as infinitas estrelas? Será que realmente a culpa é delas? Será que o universo conspira contra a própria humanidade? O que fazer quando o universo que ser notado e você é o meio pelo qual ele encontrou de se comunicar?
A linguagem do câncer é bastante codificada e complexa. Somente aqueles que passam pela dor e sofrimento conseguem falar até mesmo quando não há mais nada a se falar e do que se falar.  Assim como Hazel o fez durante a sua trajetória em A culpa é das Estrelas, a humanidade tem que se mostrar mais forte, mesmo que muitos tenham que viver no esquecimento, nos memoriais ou em infinitas recordações, lembradas de tempos em tempos. Esta luta interna tem que continuar até superarmos a própria dor. Não digo nos tornarmos insensíveis à ela, mas sim, altamente capacitados para lidar com ela. E por meio dela, viver.


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